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Encontro amplia o debate sobre a educação a distância na rede privada

21 de agosto de 2007

Educação a distância: novos desafios?Se, por um lado, a educação a distância cria condições para uma maior socialização do conhecimento, por outro, não há dúvidas de que essa modalidade de ensino, da maneira como vem sendo utilizada pelas escolas privadas, tem intensificado as atividades dos professores, precarizando as condições de trabalho. Esse foi o consenso entre os participantes do 4º Encontro de Professores da Educação Superior, realizado nos dias 6 e 7 de julho, no Othon Palace, em Belo Horizonte.   Durante o evento, cerca de 250 professores de mais de 30 instituições privadas de ensino superior do estado discutiram assuntos como a qualidade da educação, a dignidade no trabalho docente, as políticas públicas para o setor e fizeram um mapeamento dos impactos que as tecnologias de informação e comunicação trazem para suas condições de trabalho e vida. No dia 6, o doutor em Educação e professor da Faculdade de Educação da UFMG, Fernando Fidalgo, fez a conferência de abertura, com o tema “Trabalho Docente, Tecnologias e Educação a Distância: novos desafios?”. No sábado, dia 7, Carlos Roberto Jamil Cury, pós-doutor pela Universidade de Paris V e professor da PUC Minas, realizou uma palestra sobre dilemas e perspectivas da educação superior no Brasil. Segundo Cury, a primeira expansão do ensino superior privado no Brasil ocorreu na década de 70, em decorrência de uma demanda da sociedade. Nesse momento, o Estado brasileiro investiu recursos nas federais em áreas de pesquisa e extensão e deixou para a iniciativa privada a tarefa de ampliar a oferta de vagas. O segundo “boom” do setor, conforme destacou o professor, ocorreu na década de 90, sob o governo neoliberal de Fernando Henrique Cardoso. O resultado disso é que, atualmente, o setor privado tornou-se dominante. “Hoje, 80% das licenciaturas são da iniciativa privada. Se tirarmos o nordeste, esse percentual sobe mais. Porém, o Brasil ainda carrega consigo o desafio de deixar de ser um país anacrônico no que se refere ao acesso a bens sociais básicos, entre eles a educação fundamental”, avaliou Cury.Também no sábado, foram realizadas oficinas, mesas redondas e painéis, onde os professores apresentaram trabalhos acadêmicos e pesquisas sobre o tema do encontro. No final do evento, o Sinpro Minas apresentou um documento, elaborado a partir dos debates e discussões do 4º Encontro, com ações que serão encaminhadas pelo sindicato ao longo desta gestão, como a luta pela regulamentação do trabalho docente na educação a distância, uma das principais questões apresentada pelos professores durante o encontro. Em decorrência da falta de uma legislação trabalhista específica, instituições de ensino contratam professores como tutores para ministrarem aulas na modalidade de ensino a distância. Esse recurso é usado para precarizar as condições de trabalho, aumentando o número de horas trabalhadas e de alunos orientados e diminuindo o salário. Há instituições que contratam docentes para ministrarem aulas para mais de mil alunos.Na análise da coordenadora do Grupo de Trabalho de Educação, Lavínia Rosa, o encontro foi muito bom e cumpriu o seu objetivo, pois ampliou o debate acerca dos problemas que envolvem o trabalho docente e permitiu ao sindicato elaborar propostas que vão subsidiar as discussões em torno do assunto. “Vamos lutar para que se inclua no ordenamento jurídico a exigência de um plano de carreira, inclusive para cursos a distância, como requisito ao credenciamento de instituições para a oferta de cursos”, defende. Até o final de agosto, está prevista a elaboração de um livro, que reunirá as principais discussões apresentadas no encontro, além dos artigos e trabalhos acadêmicos.

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