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Ministro da Educação tentou censurar a Wikipédia

9 de setembro de 2019

Enciclopédia online recebeu solicitações do MEC para alterar ou retirar do ar verbete sobre Weintraub

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, tentou censurar a enciclopédia colaborativa Wikipédia. A afirmação é do gerente de projetos da Wikipédia Lusófona, Rodrigo Padula, entrevista a DW Brasil ao classificar a solicitação do MEC para que o portal apagasse o verbete sobre o ministro da pasta.

Padula explica que a solicitação de exclusão deu-se pelo fato de os membros do governo não conseguirem editar o verbete e, segundo eles, não terem “direito ao contraditório”.

O verbete sobre Weintraub foi criado em 8 de abril deste ano, logo após sua nomeação para o cargo. Aos poucos, como costuma ocorrer, o conteúdo foi editado conforme notícias a seu respeito, como o anúncio dos cortes em 30% de verbas para a educação.

“Fato é que o conteúdo foi bloqueado para proteger as informações. Todas as tentativas de edições mal feitas a um artigo são tratadas como vandalismo, independentemente do interesse – até aquele momento, nem sabíamos que havia gente do próprio ministério tentando editar o verbete. Entendemos que temos o direito de publicar informações biográficas corretas de uma pessoa pública. E se o MEC não está de acordo com tal entendimento, vemos isso como tentativa de censura“, afirmou Rodrigo a DW.

O gerente do Wikipedia afirma ainda que o MEC ameaçou tomar medidas judiciais contra o portal. Para ele, o ministro utilizou a pasta para interesses pessoais. “Nossa estranheza é pelo fato de que se tratava de uma questão puramente pessoal: a biografia do ministro. E ele estava usando o poder do Estado e funcionários públicos para tentar pressionar os editores da Wikipédia. Senti-me coagido. Foi tentativa do Ministério da Educação de censurar a Wikipédia”, reforçou.

O deputado federal Marcelo Freixo (Psol-RJ) criticou a conduta de Abraham Weintraub. Em discurso na Câmara dos Deputados, o parlamentar defendeu a autonomia da Wikipedia e denunciou os abusos cometidos pelo ministro. “Utilizar o Estado para interesse próprio virou mania deste governo. As pessoas estão utilizando instrumentos públicos para interesses privados, isso não é republicano. (Abraham) Não está à altura de um cargo como o de ministro da Educação, com iniciativas tão pequenas”, declarou.

Segundo as regras da Wikipédia, todas as informações escritas no site precisam conter referências a fontes externas, como reportagens publicadas por veículos reconhecidos e artigos acadêmicos. O MEC argumenta que há imprecisão sobre o perfil do ministro.

Ainda de acordo com Padula, o artigo sofreu “vandalismo” – quando usuários interferem no conteúdo de modo ofensivo –, principalmente contra a posição do ministro. Após as correções, com base em referências, o verbete foi bloqueado para edições. “Na Wikipédia não trabalhamos nem para um viés ideológico, nem para outro – o conteúdo deve se reger pela imparcialidade, pela pluralidade de fontes, pelas referências. E, como o caso envolve o Ministério da Educação, é importante dizer que a plataforma é importante para a Educação por promover o conhecimento aberto”, finalizou.

Fonte: Rede Brasil Atual

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