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Telhado verde no Sinpro Minas inspira experiências em torno da Agroecologia

28 de junho de 2018

Na semana em que o “PL do Veneno”, Projeto de Lei sobre nova regulamentação para registro e uso de agrotóxicos, é aprovado em comissão na Câmara é momento também de celebrar as pequenas-grandes formas de resistência à cultura do agronegócio.  E umas dessas experiências, que nasceu na sede do Sinpro Minas, está prestes a completar um ano. É a experiência do telhado verde, técnica arquitetônica e ambiental, com plantio nas coberturas de casas e edifícios.

No Sinpro Minas, o projeto foi desenhado e executado pela engenheira florestal e diretora do Sinpro Ângela Gomes. Ela conta que a ideia surgiu para ser aplicada em uma área em que os/as funcionários/as do Sindicato reclamavam do clima quente, já que o telhado verde aumenta a umidade e melhora o conforto térmico. Além disso, a área foi sendo pensada dentro de um projeto de agroecologia e etnobotânica, com resgate do conhecimento tradicional sobre as plantas.

Ângela conta que a ideia foi muito aceita e acolhida dentro do Sindicato. “A gente se preocupou em fazer um esquema de drenagem da água adequado, iniciamos o plantio com plantas medicinais e eu tentei levantar dentro do Sindicato as doenças mais comuns e realizamos o plantio tentando controlar um pouco essas doenças que mais aparecem no espaço do trabalho”, afirma. 

O telhado hoje esbanja vida verde e já traz muitos benefícios. Segundo Ângela, a temperatura do local já deve ter baixado cerca de 4º, além da sensação de conforto com os aromas das plantas como alecrim, alfazema, orégano, entre outras. “Já usamos ervas para chá e temperos para a comida produzida no próprio Sindicato”, conta.

Experiência pedagógica 

A área de aproximadamente 8m² é pequena em termos numéricos, mas já se extende nas possibilidades de aprendizado e troca. Além de influenciar o clima, ser fonte de alimentação e medicinas naturais , o telhado verde também tem cumprido um papel pedagógico sobre a importância da agroecologia.

“A ideia é que os”/as alunos/as e futuros/as professores/as vejam que o Sindicato, além de trabalhar com a questão de classe, também entende que a classe precisa de qualidade de vida”, afirma Ângela.

Em uma aula realizada no espaço, com alunos/as do 7º período do curso de Ciências Biológicas do Uni-BH, Ângela explicou todo o processo de construção do telhado, fazendo também um mapeamento de todas as plantas da horta: poder medicinal, origens, formas de uso, etc. As/os alunos/as também colocaram a mão na massa, ou melhor, na terra, e também aprenderam sobre o manuseio e plantio de mudas.

Para a aluna Milene Samara, a aula foi uma oportunidade de acessar conhecimentos muitas vezes invisibilizados. “É uma sabedoria que vem de muito tempo e é preciso que tenha reconhecimento científico. Eu to aprendendo aqui o que minha vó guarda também como tradição”, afirmou. Anaís de Oliveira também concorda que é preciso resgatar toda essa sabedoria histórica. “Minha mãe também sabe muito sobre as plantas e hoje eu vejo o quanto é necessário cultivar essa tradição, a Botânica tem um papel muito importante nas nossas vidas”, ressaltou. A relação com a cidade também foi uma reflexão construída no espaço. Para a também aluna Fernanda Ramos, é preciso abordar a diversidade da nossa cultura, muitas vezes ocultada nas grandes cidades. “É de extrema importância a gente ter acesso a medicamentos naturais, compreender a função de cada planta e como age”, enfatizou.

Ângela também destaca que é muito construtivo usar a experiência a partir desse ponto de vista pedagógico, educacional. “A gente acredita, enquanto Sinpro, que é possível produzir nossos alimentos próximos de casa, sem veneno. Então é preciso a gente trabalhar para a libertação desse monopólio do capital. A gente tá refém da indústria de sementes, da indústria de agrotóxicos. Esse projeto faz parte de um enfrentamento ao capitalismo verde, a gente precisa da nossa autonomia na produção de alimento e precisamos que a cidade seja um lugar do encontro. Então eu gosto dessa coisa de contar de novo as histórias das plantas. Contar a história das plantas é contar nossa história”, ressaltou.

O telhado verde do Sinpro Minas é uma experiência para ser compartilhada! Todos/as estão convidados/as a conhecer e se inspirar no modelo agroecológico!

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“É uma grande oportunidade para colocar em prática  o que aprendemos nas aulas. Saber a história de cada planta, o por quê estão aqui; uma forma de manter e fortalecer a sabedoria tradicional.” (Andreza Martins, estudante de Ciências Biológicas)

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