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A discriminação também é uma forma de violação dos direitos humanos, afirma especialista

10 de dezembro de 2008

As diversas formas de discriminação contribuem para que o desrespeito aos direitos humanos seja ainda maior no Brasil, avaliou hoje (10) a jornalista Cláudia Werneck, escritora especializada em inclusão social. Para ela, a falta de informação faz com que as pessoas, muitas vezes, não tenham consciência que sofrem violação dos seus direitos fixados na Declaração Universal dos Direitos Humanos.

A fundadora da organização não-governamental “Escola de Gente – Comunicação em Inclusão” disse que ainda existe hesitação da sociedade em obter e disseminar informações sobre o que realmente significa discriminação. “É uma informação que não circula e que não é considerada nobre para a formação da criança e do adolescente. Tenho a sensação de que, nos últimos anos, nós nos dedicamos mais a disfarçar a forma como nós nos discriminamos mutuamente do que efetivamente nos esforçamos para combater processos de discriminação”, disse

Para Claúdia Werneck, essa desinformação é um problema cultural. “Acho que é uma questão de cultura da nossa sociedade, do nosso Estado, da forma como nos relacionamos no dia-a-dia, tanto pessoal quanto institucionalmente. O Estado deveria garantir que não acontecessem processos de violação de direitos humanos, mas, na verdade, a responsabilidade pelos atos de discriminação é de cada um”, avalia.

Como exemplo de um ato de disfarce da discriminação gerada pela desinformação, a especialista citou a atenção especial dada às pessoas portadores de deficiência. Segundo ela, práticas comuns, como matriculá-las em escolas especiais, “é uma forma de separá-las da sociedade e privá-las de exercerem seus direitos como cidadão”.

“A sociedade tutela as pessoas com deficiência e acredita que, quanto mais protegidas e isoladas elas estiverem, melhor para elas e para a sociedade. Quando você isola uma pessoa com deficiência, impede que ela freqüente uma escola inclusiva pública perto de sua casa, impede que ela exerça seus direitos ao lazer, à cultura, à sexualidade”, argumenta. “Cria assim, um ciclo vicioso onde essa pessoa com deficiência se torna cada vez mais um ônus para essa sociedade, que vai discriminá-la cada vez mais, porque não vão percebê-la como agente de transformação e, sim, sempre como um ônus, como um problema”, explicou Cláudia Werneck.

São três as etapas para o processo de solução da exclusão, na opinião da especialista. Primeiramente, entender o que é discriminar; segundo, perceber-se como agente de discriminação; e terceiro, inserir mais articulações para a criação de estratégias. “Acho que vivemos em um mundo onde nos discriminamos mutuamente, sem desejar e sem perceber que, enquanto não nos assumirmos como parte de um jogo, onde ora você é agente de discriminação, ora você é vítima, nós não conseguiremos efetivamente mudar a cultura de discriminação para a cultura de não discriminação”, afirmou Cláudia Werneck.

Fonte: Agência Brasil

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