Notícias

Brasil tem indisciplina escolar acima da média: professores gastam mais de 20% da aula para controlar alunos

7 de outubro de 2025

Professores brasileiros gastam mais de 20% do tempo de aula para manter a ordem em sala – acima da média internacional de 16%. O dado faz parte da nova edição do Talis, a Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem (Teaching and Learning International Survey, na sigla em inglês), divulgada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) na segunda-feira (6).

Mais de 50% dos professores relataram enfrentar “barulho perturbador e desordem” durante a aula. Nesse caso, o índice representa mais que o dobro da média entre os países avaliados pela OCDE, que é de 20% – ou um em cada cinco professores.

➡️ A parcela de tempo gasto na manutenção da disciplina aumentou em quase todos os sistemas educacionais desde 2018, ano da edição anterior do Talis. Em comparação:

  • Pouco mais de 33% dos professores no Chile, Finlândia, Portugal e África do Sul dizem enfrentar tais problemas disciplinares;
  • Menos de 5% dos professores na Albânia, Japão e Xangai (China) relatam enfrentá-los;
  • Professores novatos relatam mais interrupções em sala de aula do que os colegas experientes em quase todos os sistemas educacionais: 66% contra 53%, no Brasil.

Aproximadamente 43% a 44% dos professores relatam que perdem muito tempo esperando os alunos ficarem quietos (a média da OCDE é de 15%). A mesma proporção de professores brasileiros diz que perde tempo significativo devido a interrupções dos alunos durante as aulas (sendo 18% a média da OCDE).

Baixo reconhecimento

A pesquisa também examina o nível de satisfação dos professores em alguns parâmetros, como intenções de carreira, motivação e status da profissão.

Apenas 14% dos professores brasileiros pensam que são valorizados na sociedade; um aumento de 3 pontos percentuais em relação a 2018. A média da OCDE, nesse ponto, é de 22%.

Em média, cerca de 18% dos professores relatam ser intimidados ou abusados ​​verbalmente por alunos como fonte de estresse. O relatório da OCDE destaca um índice alarmante: no Brasil, 47% dos professores afirmam isso, enquanto, na maioria dos países avaliados, a proporção está abaixo de 25%.

O estudo também evidencia que 72% dos professores brasileiros trabalham meio período, uma das maiores proporções entre os países participantes.

“Garantir jornadas de 40 horas, preferencialmente com dedicação exclusiva a uma escola, aumenta a motivação dos professores, o vínculo com os alunos e os resultados de aprendizagem”, afirma em comunicado Caetano Siqueira, coordenador de políticas docentes do Movimento Profissão Docente.

“Jornadas que permitam plena dedicação à profissão e melhores remunerações são essenciais para a valorização da carreira e para garantir melhores condições de trabalho aos professores”, destaca Siqueira.

 

Nesse cenário, ele também destaca a dificuldade de participação em ações de formação continuada e desenvolvimento profissional, relatada por mais da metade dos professores participantes, sobretudo devido à incompatibilidade com os horários de trabalho.

Como funciona a Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem (Talis)

Realizada desde 2008, a pesquisa avalia o ambiente de ensino e aprendizagem, bem como as condições de trabalho dos professores e diretores nas escolas. Entre os aspectos observados estão:

  • formação inicial e continuada dos docentes;
  • práticas pedagógicas e métodos de ensino;
  • clima escolar e gestão;
  • satisfação profissional;
  • uso de tecnologias e inovação.

A quarta e atual edição foi realizada em 2024, com cerca de 280 mil professores e diretores em 17 mil escolas de ensino fundamental II, em 55 sistemas educacionais. Em cada país, cerca de 200 escolas foram selecionadas aleatoriamente.

A pesquisa parte da percepção de professores e diretores, entrevistados por meio de questionários específicos para cada grupo.

No Brasil, o estudo é conduzido pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Os dados foram colhidos entre junho e julho do ano passado.

Fonte: G1

COMENTÁRIO

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Categorias

Artigo
Bolsas
Ciência
COVID-19
Cultura
Direitos
Educação
Entrevista
Eventos
Geral
Mundo
Opinião
Opinião Sinpro Minas
Política
Programa Extra-Classe
Publicações
Rádio Sinpro Minas
Saúde
Sinpro em Movimento
Trabalho

Regionais

Barbacena
Betim
Coronel Fabriciano
Divinópolis
Governador Valadares
Montes Claros
Patos de Minas
Poços de Caldas
Pouso Alegre
Sete Lagoas
Uberaba
Uberlândia
Varginha