Polêmica e troca de acusações marcam crise envolvendo direção, professores e alunos da Universidade Fumec. O afastamento do diretor-geral da Faculdade de Engenharia e Arquitetura (FEA), Luiz de Lacerda Júnior, na quarta-feira, revoltou estudantes, que se reuniram quinta-feira no câmpus da universidade em solidariedade ao professor. Segundo o presidente da Fundação Mineira de Educação e Cultura, Air Rabelo, o diretor foi punido por estar atrapalhando o andamento de procedimentos administrativos que apuram supostas irregularidade na gestão da FEA, além de incitar a comunidade universitária contra a presidência. Assim como Lacerda, outro professor, Eduardo Mesquita, foi afastado da vice-presidência da Fumec, sob o argumento de ter divulgado informações sigilosas sobre funcionários da instituição. Lacerda e Mesquita, por sua vez, sustentam que o afastamento é uma retaliação a denúncias de irregularidades levantadas contra a presidência.
Essas acusações constam de ofício divulgado em 23 de agosto pelos professores Eduardo Mesquita e Estevam Quintino Gomes, ambos conselheiros da fundação. O documento, com 43 páginas, foi encaminhado à reitoria da universidade, à Promotoria de Tutela de Fundações do Ministério Público de Minas Gerais e ao Conselho Universitário. “Apontamos uma série de irregularidades em relação à administração de recursos financeiros e outras, como convênios que deixaram de ser feitos e até prazos que deixaram de ser cumpridos e que geraram prejuízos à universidade”, afirma o professor Estevam Gomes. Segundo os denunciantes, em resposta, a presidência determinou os afastamentos, entendidos como ameaça e violação ao direito de expressão. “Estamos vivendo um período de exceção na universidade, em que o direito de falar e questionar está sendo coibido. Logo em um espaço onde deveria ocorrer o debate, ele vem sendo reprimido”, denuncia o professor Mesquita.
O professor Lacerda, que além de ser afastado da diretoria da FEA teve suas aulas suspensas, se sente injustiçado, pois alega não ter tido direito a defesa. Ele nega ter incitado qualquer ato de revolta dos estudantes.“Ninguém me chamou para conversar. Apenas recebi o comunicado da suspensão por um office-boy da empresa. Sou professor da Fumec há 36 anos, e acredito que merecia mais consideração”, desabafa. Ele afirma que foi divulgada nota à comunidade acadêmica informando sobre sua suspensão antes mesmo que ele soubesse da medida. Alunos que se afastaram das aulas desde o episódio estão indignados com a decisão da presidência. “É um absurdo. Há pouco tempo já perdemos muitos professores qualificados, que foram demitidos também sem explicação. Agora, mais essa atitude contra um professor tão admirado pelos alunos”, reclama o presidente do Diretório Acadêmico de Engenharia, Antônio José da Silva Pena Júnior.
São muitas as versões para a crise. De um lado, a presidência da Fumec alega estar apenas preservando a imagem da instituição e zelando pelo andamento dos procedimentos administrativos. De outro, sobram acusações de atos irregulares da gestão. O advogado Leonardo José Melo Brandão, do escritório Décio Freire, responsável pela defesa dos professores da FEA, informou que já estão sendo tomadas medidas na Justiça contra as atitudes da presidência. Já o presidente Air Rabelo afirma que está agindo de acordo com as normas legais.
O Ministério Público, que já foi acionado, informou ter recebido o ofício encaminhado pelos professores e acrescenta que já pediu informações aos envolvidos. Enquanto isso, os alunos prometem fazer muito barulho e só voltar às aulas quando o professor Lacerda retornar. Na quinta-feira, eles colheram assinaturas para um abaixo-assinado que deve ser encaminhado ao MP com pedido de providências.
Fonte: Jornal Estado de Minas – 10/09/2010
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