Texto proposto pelo presidente Mauricio Macri foi aprovado com margem apertada; sessão foi marcada por protestos violentos em torno do Congresso e por greve geral
Os deputados da Argentina aprovaram na manhã desta terça-feira (19) a reforma da Previdência, que gerou protestos – inclusive com uma greve geral – em todo o país. A sessão, aberta na segunda (18) à noite, durou mais de 12 horas e só terminou às 8h20 (hora de Brasília, 7h20 em Buenos Aires) de hoje.
O texto foi aprovado com 128 votos a favor e 116 contra, além de duas abstenções. O governo contou com votos de deputados peronistas que seguiam orientações de governadores de províncias favoráveis à reforma, por conta do alto endividamento de seus territórios.
A série de protestos contra a reforma deixou ao menos 162 pessoas feridas entre manifestantes e policiais, informam as autoridades de Saúde.
Destes, 88 eram agentes que tentavam impedir os grupos de se aproximarem dos prédios públicos, onde os deputados discutiam o tema. Segundo dados da polícia, ao menos 60 pessoas foram presas durante os protestos.
Apesar de o ápice dos confrontos ter ocorrido durante a tarde e o início da noite, as manifestações seguiram noite adentro também em outras cidades argentinas.
O maior momento de tensão ocorreu quando um grupo tentou entrar no Congresso e, como foram impedidos por um cordão policial, muitos manifestantes começaram a jogar garrafas, pedras e pedaços de madeira contra os agentes.
A votação ocorreu sob um clima de tensão inclusive entre os deputados, que trocaram uma série de insultos durante as longas horas de sessão.
O projeto de reforma da Previdência prevê um corte de cerca de US$ 5,7 milhões nos pagamentos mínimos, nas atribuições universais e nas aposentadorias dos veteranos das Malvinas, em um impacto na vida de cerca de 17 milhões de pessoas.
Segundo o governo, a mudança no cálculo vai beneficiar os aposentados no médio e longo prazo, mas a oposição e os sindicatos afirmam que a renda deles vai cair por conta do avanço da inflação.
Por causa do projeto, apoiado pelo presidente Macri, as centrais sindicais convocaram uma greve de 24 horas que atinge todo o setor de transportes – nacional e internacional – além de serviços de banco e comércio.
Na última quinta-feira (14), cenas de violência parecidas foram vistas nas ruas argentinas e o governo decidiu passar a votação para esta semana.
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