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Argentina parou, mas acordo com FMI sai

26 de setembro de 2018

Os trabalhadores argentinos, esgotados pelas políticas econômicas desastrosas do governo Macri decidiram parar o país em mais uma greve geral, no mesmo dia em que o presidente se esbaldava em Nova Iorque, discursando na Assembleia da ONU, proferindo mentiras e, de quebra, tentando mais acordos com os tigres de Wall Streat. Foi uma paralisação vitoriosa, praticamente nada funcionou. Mas, ainda assim o presidente fechou novo acordo com o FMI.

E enquanto tudo parava e as ruas bramiam com as movimentações dos trabalhadores, o presidente do Banco Central, Luís Caputo, que conseguiu transformar em pó mais de 15 bilhões de dólares em apenas três meses, pedia sua demissão. Chamado por Macri para gerir as finanças Caputo era incensado como o melhor gestor do Banco Central nos últimos 50 anos. E foi mesmo. O melhor para os bancos estrangeiros. Sua gestão durou 103 dias, a mais breve dos últimos 28 anos, e ele saiu do cargo deixando a Argentina com a maior inflação mensal dos últimos 30 anos.

No seu lugar entra agora Guido Sandleris que em nada se diferencia do colega demissionário. Ele irá comandar o Banco Central sob o tacão do FMI, visto que Macri, em reunião com a diretora Christine Lagarde , acenou com a provável revisão do acordo que viabilizará mais recursos ao país. Assim, além dos 15 bilhões já queimados, outros bilhões entrarão nas contas do governo, prontos para entrarem nos bolsos de alguns e serem jogados na conta da população que é quem acaba pagado pelas trapalhadas neoliberais.

Segundo informes levantados pelo jornal Página 12, a indicação de Lagarde para o Banco Central teria sido uma exigência do FMI visto que ele é um velho amigo da diretora do FMI e pessoa de sua extrema confiança. Ou seja, o espaço mais estratégico do país será comandado mesmo pelo FMI. Entrega total da soberania.

Tão logo a diretora do FMI divulgou na sua conta do Twitter que as negociações com Macri iam bem, o dólar na Argentina apresentou uma leve subida, com os grandes investidores já arreganhando os dentes, afinal, para eles, pouco importa se o acordo levar o povo à miséria. O que vale para eles é que os juros da dívida sejam pagos religiosamente. 

O presidente Macri, ao ganhar a eleição, foi saudado como aquele que iria salvar a Argentina do “comunismo” dos Kirchner. Nem Cristina era comunista e nem Macri salvou a Argentina. Pelo contrário, ele entregou o país. Ao nomear Caputo para o Banco Central, estava colocando lá dentro um ex-funcionário do Banco JP Morgan, tanto que esse banco foi um dos que mais lucrou com a política de emissão de dívidas de Caputo. Possivelmente tudo foi orquestrado para ser como foi.

Com a política de Macri foram para o ralo as reservas argentinas num total de 30 bilhões de dólares. E tudo para garantir lucros estrondosos para os investidores que jogam com as finanças. A história mostrará quem foram os beneficiados: provavelmente os mesmos banqueiros internacionais de sempre, os que sistematicamente têm roubado as riquezas dos países latino-americanos por décadas a fio.

A jogada de Macri nos Estados Unidos buscando novo acordo com o FMI foi acompanhada com Greve Geral no país. Os argentinos pararam e protestaram contra a desvalorização da moeda que chegou a 100%, a inflação de 42% mensal e o aumento do desemprego. Essa foi a quarta greve geral dentro do governo Macri contra as políticas de ajuste propostas pelo governo sob a indicação do FMI.

Os movimentos sociais anunciaram ainda que a partir do dia primeiro de outubro acamparão em frente ao Congresso Nacional para exigir dos deputados que seja revisto o acordo com o FMI, que está interferindo no orçamento geral da nação e que o mesmo seja direcionado para a melhoria das condições de vida dos argentinos.

Apesar da mobilização dos argentinos, que não têm dado trégua na luta, o presidente Macri seguiu com sua missão nos Estados Unidos, aprofundando ainda mais a crise econômica e política.  Assim que, ao final das contas, quem tirou tudo dos argentinos, não foi o comunismo, foi o velho neoliberalismo, agora ainda mais voraz, consubstanciado em ultraliberalismo. Ou seja: tudo para os ricos, nada para os trabalhadores.

Elaine Tavares | Instituto de Estudos Latino-Americanos

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