As Duas Caras da Globo: a imagem distorcida da educação na mídia
Mais uma vez, a educação pública é massacrada pela mídia, enquanto as escolas particulares figuram como solução para os problemas educacionais brasileiros. É assim que a rede Globo de televisão aborda esse tema nas suas novelas, programas de entretenimento, e até mesmo nos seus intervalos comerciais.
Se um telespectador comum ligar a TV e começar a observar, terá vários exemplos disso. A novela Sete Pecados mostra a realidade de uma escola pública sucateada: instalações velhas, paredes pichadas, salas de aula mal cuidadas, problemas de violência e vandalismo dentro do horário escolar e na vizinhança, entre outros. Para resolver tudo, é escalada a personagem Miriam, uma sonhadora diretora que, como uma heroína, aos poucos vai resgatando os alunos para “o bem”. Nessas cenas, embora se mostre a intenção de fazer a escola dar certo, a solução apresentada é individual, quase inalcansável na realidade da maioria das escolas públicas brasileiras, que enfrentam desafios ainda maiores.
Mais tarde, a novela das oito, Duas Caras, traz a solução “global” para o problema: a educação privada. Uma das personagens principais, Branca Barreto, é uma senhora da alta sociedade que resolve assumir a gestão da faculdade da família. Nesse caminho, ela ignora a realidade vivida pela comunidade acadêmica antes da sua chegada. Sem considerar as manifestações dos alunos e dos professores, que desejam a eleição do novo reitor, ela indica o seu novo admirador para o cargo.
O personagem Fernando Macieira diz ter sido militante do movimento estudantil na época da ditadura, mas hoje é um professor que defende a educação privada como solução para os problemas brasileiros. “Importado” da Europa pela personagem Branca (as idéias colonizadoras e preconceituosas persistem), o professor ambiciona trazer soluções de fora para problemas antigos, ainda não suficientemente enfrentados pelo governo e pelo povo brasileiro.
Aproveitando o embalo das novelas, comerciais apresentados por figurões globais destacam nomes de desconhecidas faculdades particulares de ensino a distância. Essas escolas on-line são apresentadas como alternativa educacional para os jovens interligados pela programação global em diferentes rincões do país. Mais uma vez, a solução para a educação é individual: basta o sujeito conectar-se à Internet para ter em casa toda a educação que a Globo e seus anunciantes oferecem.
Quando chega o domingo, o tema volta à tela da emissora através do programa Fantástico. Em uma reportagem jornalística, os narradores apresentam, de forma sensacionalista, a triste história das escolas públicas no país. Falam em verbas federais na casa dos milhões de reais, cuja origem é o Fundeb (Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica), que não são revertidas para melhorias de escolas de diferentes municípios. As justificativas dos secretários de Educação não dão conta de explicar o que todo mundo sabe: a corrupção leva para os bolsos de alguns indivíduos o futuro de muitos brasileiros. Os alunos, então, são mostrados assistindo aulas debaixo de árvores, no quintal de suas casas, em salas precárias, esperando chegar de algum lugar a solução desse e de outros problemas.
Diante de tudo isso, o Sinpro Minas reafirma, juntamente com a Contee e outras entidades sindicais do país, que EDUCAÇÃO NÃO É MERCADORIA, É DIREITO. Assim, não pode ser consumida, e descartada, como mais um dos produtos exibidos nas prateleiras globais. Educação pública de qualidade é bandeira coletiva, que deve ser hasteada no alto das instituições e dos corações brasileiros. O Sinpro repudia essa imagem catastrófica da educação pública e a alternativa apresentada pela TV Globo: a educação privada sem qualidade, sem democracia, sem participação popular. Todos juntos – professores, alunos, e sociedade – devemos defender a educação como política pública que atenda, com qualidade e respeito, todos os cidadãos brasileiros.
O Sinpro Minas continua nessa luta, porque EDUCAÇÃO NÃO É MERCADORIA!
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O Sinpro Minas mantém um plantão de diretores/funcionários para prestar esclarecimentos ao professores sobre os seus direitos, orientá-los e receber denúncias de más condições de trabalho e de descumprimento da legislação trabalhista ou de Convenção Coletiva de Trabalho (CCT).
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