No dia 2 de março, foi realizada uma audiência pública para debater a situação da Universidade Vale do Rio Verde (Unincor), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. A audiência conjunta das Comissões de Educação e de Defesa do Consumidor discutiu as perspectivas de funcionamento e a situação dos alunos da Unincor diante das graves crises acadêmica e financeira enfrentadas pela instituição. Uma nova audiência pública deve ser marcada.
A situação precária de trabalho dos professores, que chegam a ter atrasos de nove meses nos pagamentos, foi denunciada pelo presidente do Sinpro Minas, Gilson Luiz Reis. Ele informou que foi enviada uma proposta à empresa que faz a gestão da universidade. a BDO Brasil. O documento prevê o pagamento imediato dos funcionários, destinação de recursos para pagamento de ações trabalhistas, readmissão dos grevistas e suspensão dos descontos pelos dias não trabalhados, já que as mensalidades continuam sendo cobradas integralmente dos alunos.
Acordo comprometido
Um acordo entre o sindicato e a BDO para a regularização dos pagamentos dos professores a partir desta sexta-feira (5) suspendeu a última greve na Unincor. No entanto, segundo informou o consultor da empresa, esse pagamento só será possível se for liberada a hipoteca de uma fazenda da fundação mantenedora vendida recentemente para quitar dívidas. De acordo com a diretoria do Sinpro Minas, se o acordo não for cumprido, será convocada uma assembleia extraordinária para decidir os rumos da mobilização dos professores e a greve poderá ser retomada.
Empresa atuará na Unincor por seis meses
Entre as ações que a BDO pretende desenvolver na Unincor nos seis meses em que gerenciará a instituição, estão revisão dos contratos de prestação de serviços, renegociação das dívidas bancárias, melhoria nos processos administrativos, redução da folha de pagamento, análise de alternativas para cada um dos campi, seleção de empresa de cobrança dos inadimplentes, levantamento do custo dos cursos e avaliação da dívida total da Fundação Comunitária Tricordiana de Educação (mantenedora da instituição).
O deputado Délio Malheiros criticou a contratação de empresa de cobrança e sugeriu a priorização do pagamento dos professores. Ele acredita que a inadimplência dos alunos pode ser uma resposta aos serviços não prestados.
BDO apresentou dados incorretos
Os dados apresentados pela BDO Brasil foram considerados inconsistentes pelos participantes de reunião. O primeiro ponto questionado foi quanto ao número de alunos matriculados na instituição. O relatório apresentado pelo consultor da BDO Brasil, José Antônio de Castro, informava a existência de 2.227 alunos matriculados na Unincor em 2010. No entanto, os estudantes argumentaram que ainda estão em fase de reposição das aulas de 2009 por causa do período de greve, e ainda não foram matriculados nas turmas deste ano. Eles informam que são 5 mil alunos.
O consultor também informou que a taxa de inadimplência dos alunos é de 30%. O endividamento da universidade, segundo o diagnóstico, é de cerca de R$ 22 milhões, dos quais R$ 8 milhões devidos a bancos e R$ 5,7 milhões de salários atrasados. A receita corrente líquida mensal é de R$ 1,9 milhão. José Antônio de Castro concluiu que a universidade é um negócio viável em função de seu patrimônio, embora quase todo o ativo não operacional da Unincor tenha pendências.
O presidente da Comissão Pró-Estadualização da Unincor, o estudante de Medicina Marco Aurélio Trindade Fogaça, para defender a estadualização da universidade lembrou que a Unincor já foi fiscalizada pelo Conselho Estadual de Educação, antes dessa competência ser transferida para o MEC. Ele informou que a crise da instituição já dura cinco anos e que os alunos têm a formação prejudicada pela falta de professores, laboratórios, material didático e incentivo à pesquisa e extensão.
Para o analista do Ministério Público (MP), Eduardo de Souza Maia, a estadualização é questão de política de Estado. “O papel do Ministério Público é cuidar do interesse social”, explicou. Na avaliação do analista, a solução gerencial indicada pelo termo de ajustamento de conduta firmado entre o MP e a Unincor, com a indicação da BDO, é a de menor prazo possível. Ele explicou, ainda, que a venda de imóveis do patrimônio da Unincor depende de autorização do MP. “Não há autorização prévia para essas vendas”, afirmou.
Com Assessoria de Imprensa da ALMG
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