Notícias

Brics: Movimentos sociais debatem luta pela paz

16 de julho de 2014

Diversas frentes dos movimentos sociais realizaram na última terça-feira (15/07) na Assembleia Legislativa do Ceará o seminário “Brics, os movimentos sociais e a luta pela paz mundial”. A palestra ministrada por Socorro Gomes, presidenta do Conselho Mundial da Paz, faz parte da programação realizada simultaneamente a VI Cúpula do Brics, que reuniu em Fortaleza chefes de estado dos países que compõem o bloco: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

 

Mulheres, jovens, estudantes secundaristas, entidades em defesa da paz e da livre orientação sexual participaram do debate que buscou apresentar a relação entre o bloco formado pelos países emergentes, os movimentos sociais e a luta pela paz mundial. Após a realização da Copa do Mundo, sediando seis jogos do mundial, Fortaleza continua em pauta ao, nesta terça-feira, abrigar uma das principais reuniões do mundo.

 

 Socorro Gomes, considerou que as questões ligadas aos povos, como a soberania dos países, a defesa da paz e o combate à miséria não podem estar apenas nas mãos dos governantes. “Algumas pessoas pensam que isso é decisão de chefes de estado, mas os movimentos sociais já perceberam que, para mudar, temos que participar ativamente da construção dessas ideias. Fortalecer uma cultura de paz é também papel nosso e temos que ser protagonistas nesta luta”.

 

 

A presidenta do Conselho Mundial da Paz destacou que a atual ordem mundial é regida por “um punhado de países que buscam defender seus próprios interesses”. “Para isso, controlam órgãos internacionais, como a ONU e o FMI, o que é dito na imprensa, no cinema, na internet e até nas redes sociais”, alertou.

 

 Segundo Socorro Gomes, esta ordem mundial é marcada por uma dominação do mundo com controle também militar, sempre próximo a fontes de energia. “Os Estados Unidos contam com quase mil bases militares em países estrangeiros, a maioria delas em cima de recursos naturais, quer seja minério, petróleo ou biodiversidade. Suas frotas estão em todos os oceanos e mares, isso sem falar no controle aéreo, com mísseis e drones (aviões não tripulados) de alta tecnologia. Todo este aparato está a serviço dessa política de guerra em detrimento da soberania e autonomia de nações com o objetivo de dominar, saquear as riquezas e obter ainda mais poder”.

 

Socorro Gomes citou os conflitos no Oriente Médio como exemplos desta tentativa de avanço imperialista. “Afeganistão, Iraque, Síria e Líbia sofrem diretamente estes ataques. O intuito dos Estados Unidos é destruir países que tem soberania e colocar governos que atendam aos seus interesses, sob o falso argumento dos direitos humanos, para impor seu modo de vida a outros países”.

 

A partir daí, ressaltou, surgem as resistências. “A América Latina é rico exemplo, com governos marcados pela resistência. Um índio na Bolívia, um metalúrgico no Brasil e um crioulo na Venezuela”, citou. “Já com o nascimento do Brics, abre-se também a necessidade de resistir ao rolo compressor das potências imperialistas e reforça esta ideia de resistência, buscando outro caminho possível”, ratificou.

 

 A presidenta do Conselho Mundial da Paz considera “avançada” a ideia de buscar a integração entre nações tão distintas. “Apesar das diferenças, temos muitas afinidades, pois estes países que compõem o Brics e outros em desenvolvimento não aceitam o tacão dos Estados Unidos, buscam fortalecer suas economias e se fortalecer como bloco”.

 

Participação popular

 

 Mas nem só em economia deve pensar estes países aliados. Para Socorro Gomes, “eles necessitam ouvir a voz do povo”. “Queremos uma agenda que leve em conta o nosso pensamento, não só focado no desenvolvimento econômico, mas também no compromisso com a paz e em defesa de uma nova ordem mundial, com outros paradigmas. O primeiro dele, o respeito aos países e suas nações”, defendeu.

 

“Neste momento vários pontos de conflito estão ativos. Israel intensifica sua política genocida e com o apoio da mídia, que inverte os papeis. O povo palestino é vítima e a questão que está por trás deste embate é territorial. Eles utilizam a religião para ter simpatia, sugerindo que os palestinos são terroristas. Que guerra é essa que só morre pessoas de um lado?”, questionou. Socorro defendeu que este deveria ser “um ponto que o Brics deverá se posicinar de forma mais firme”.

 

E esta “posição firme” deve se estender também na defesa do fortalecimento de uma cultura de paz. “É papel destes países e nosso, dos movimentos sociais, defender a soberania dos povos, aprofundar os laços de solidariedade e combater o imperialismo. O Brics deve ampliar suas questões políticas mas abordar também os anseios do povo. A questão econômica é importante na medida em que esteja ligada à questão da justiça social, da democracia e da autonomia dos países”, defendeu.

 

 Socorro Gomes sugeriu ainda que o Brics “seja, de fato, instrumento que se posicione”, propôs a multiplicação de debates como este em escolas, associações e bases partidárias. “É nosso dever construir coletivamente uma cultura de paz e derrotar esta política de guerra. Defendemos, acima de tudo, a solidariedade entre os povos, nações e movimentos sociais. Se o Século XX foi de muita batalha e grandes avanços, o Século XXI pode ser o passo inicial da consolidação da cultura de paz”, finalizou.

 

Interação

 

 Germana Amaral, diretora da UNE no Ceará, destacou a iniciativa do Brics de protagonizar o debate de novos rumos para a economia mundial. Já Sarah Oliveira, presidente da UJS-CE avaliou como fundamental a fundação de um banco para consolidar a política econômica destes países. “O avanço que este bloco trás para os países e a população que eles representam irá diminuir a divergência econômica, exercendo papel crucial”. A estudante ressaltou ainda o repúdio ao “genocídio contra os povos palestinos”. “Nem a juventude e nenhum movimento social pode se calar diante desta violência”.

 

Já Natanael Mota, presidente da Federação de Bairros e Favelas de Fortaleza, ressaltou que debates como este devem ser amplificados, divulgados e levados a outros locais. “Escolas, associações de bairros, universidades. É também nosso papel esclarecer as pessoas sobre o que representa um evento como este. Muita gente não acompanha e precisa se engajar na luta em defesa da paz e contra o imperialismo”.

 

De Fortaleza,

Carolina Campos

Portal Vermelho

COMENTÁRIO

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Categorias

Artigo
Ciência
COVID-19
Cultura
Direitos
Educação
Entrevista
Eventos
Geral
Mundo
Opinião
Opinião Sinpro Minas
Política
Programa Extra-Classe
Publicações
Rádio Sinpro Minas
Saúde
Sinpro em Movimento
Trabalho

Regionais

Barbacena
Betim
Coronel Fabriciano
Divinópolis
Governador Valadares
Montes Claros
Patos de Minas
Poços de Caldas
Pouso Alegre
Sete Lagoas
Uberaba
Uberlândia
Varginha