Fazer do cinema um dos aliados da luta contra a violência de gênero: proposta de uma das atividades que integrou o projeto Circuito Difusão Cinema e Direitos Humanos, em parceria com o Cineclube Joaquim Pedro de Andrade e a Rede de Enfrentamento à violência contra a mulher.
A atividade foi realizada no último dia 10 de dezembro nas cidades de Belo Horizonte e Nova Serrana. Em ambos os espaços foi exibido e debatido o filme “Carne”, curta metragem da diretora brasileira Camila Kater, que traz reflexões e questionamentos sobre a construção social do corpo da mulher em uma sociedade patriarcal.
Na capital, a atividade foi realizada às 19h na Casa de Referência da Mulher Tina Martins, com a presença de integrantes da Rede de Enfretamento, coletivos de mulheres: “Coletivo Clã das Lobas”, “Rede Feminista”, “NUDEM”, além de representantes do Ministério Publico. Em Nova Serrana, a atividade, que começou às 14h, também teve a participação de um grupo diverso de mulheres e homens de distintas faixas etárias.
Terezinha Avelar, diretora do Sinpro Minas e integrante do Cineclube Joaquim Pedro de Andrade, acompanhou a realização das atividades e reflete sobre a importância do cinema aliado às questões sociais. “Não é só a fala. Você tem a imagem, o movimento, a arte ali na sua frente. E essa arte, que é o cinema, tem a capacidade de nos tocar, transformar. A gente não sai de uma sessão de cinema da mesma forma que entrou”, destaca.
Para Valéria Morato, presidenta do Sinpro Minas, o cinema tem sido um dos meios de comunicação mais importantes na luta contra todos os tipos de violência contra a mulher, já que nos últimos anos, centenas de filmes produzidos abordam a temática da violência de gênero. “Contribuir para construir na sociedade o respeito pelos nossos corpos, nossas escolhas e alertar para a elaboração de políticas públicas que protejam a mulher. É a arte transformando a vida,”afirma.
Sobre o filme “Carne”
O filme “Carne”, escolhido para a exibição, já participou de 250 festivais e já foi premiado, no mínimo, 70 vezes, chegando a concorrer a uma vaga no Oscar deste ano.
“Crua, mal passada, ao ponto, passada e bem passada.”
Através de relatos íntimos e pessoais, cinco mulheres compartilham suas experiências em relação ao corpo, da infância à terceira idade. A sinopse do filme já é um convite a vários questionamentos sobre a construção de um corpo-mulher, em uma sociedade patriarcal.
“Toda mulher não vive o corpo que ela tem”. Assim começa a crítica escrita pela jornalista Pâmela Eurídice para o portal “Cineset”. “Em uma sociedade fundamentada em conceitos patriarcais, a mulher precisa encaixar-se no padrão pré-estabelecido. E quando isso não acontece, ela se torna objeto de violência até mesmo entre as pessoas do mesmo sexo. Camila Kater apresenta algumas formas de como essa agressão se traduz no corpo da mulher no curta-metragem “Carne”.
O curta está disponível na plataforma gratuita do “New York Times”- Up-Docs! Clique aqui e confira!
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