Notícias

Combate às Práticas Antissindicais avança no Brasil

12 de janeiro de 2010

Desde 2009, a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) integra o Comando de Práticas Antissindicais, criado em 2007. Atualmente, composto pelas seis maiores centrais sindicais (CTB, CUT, FS, NCST, CGTB e UGT), tem conquistado significativos avanços.

A secretária adjunta de Finanças da CTB, Gilda Almeida, uma das representantes da Central no Comando, falou sobre o assunto. Segundo ela, as práticas antissindicais mais comuns hoje no Brasil são as demissões ilegais de dirigentes com estabilidade sindical, o não reconhecimento à organização e negociação coletiva, o interdito proibitório, as ameaças, as agressões, o assédio moral e os assassinatos. Tudo isso prejudica os trabalhadores em suas lutas por melhores salários e condições de vida.

Portal: Como começou essa luta contra as práticas antissindicais?Gilda: Tudo começou a partir de dados apresentados pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos) e pela OIT (Organização Internacional do Trabalho) sobre as práticas antissindicais no Brasil. Com base neste levantamento, que apontou inúmeros casos, foi criado o Comando de Práticas Antissindicas, da qual a CTB faz parte desde 2009.

Portal: Quais são as mais recorrentes?Gilda: Existem várias e são diversificadas. Podemos citar como as mais comuns as demissões ilegais de dirigentes sindicais com estabilidade sindical, o não reconhecimento à organização e negociação coletiva, o interdito proibitório, as ameaças, as agressões, o assédio moral e os assassinatos.

Portal: Essas práticas diferem entre o campo e a cidade?Gilda: Sim. A prática antissindical no campo é cultural e muito mais violenta, porque envolve assassinatos. Acompanhamos essa realidade através de diversas denúncias de ameaças de morte no norte do país. O latifundiário tem esse costume e realmente o aplica. Na cidade a ação é mais sofisticada e utiliza o amparo do poder judiciário para coibir as atividades sindicais como: o interdito proibitório, a intervenção do Ministério Público na vida financeira dos sindicatos e o assédio moral.

Portal: Como você avalia estas duas realidades?Gilda: Como absurdas. O Brasil ratificou as Convenções 98 e 135 da (OIT), e mesmo assim, dirigentes sindicais são perseguidos e muitas vezes até demitidos devido a sua atuação sindical. Essas práticas antissindicais agridem frontalmente essas convenções. Diante dessa realidade, o Comando enviou para a OIT um documento contendo denuncias de atentados contra a vida de sindicalistas no Brasil e não aplicação das convenções 98 e 135 da OIT. (http://www.fsindical.org.br/downloads/observacoes_oit.pdf).

Portal: Que passos importantes o Comando conquistou em 2009?Gilda: Neste último ano, atuamos de forma contundente. Além da denúncia à OIT, realizamos um grande seminário em Belém do Pará (local de intensas práticas antissindicais, em especial, assassinatos) que definiu algumas das ações que serão desenvolvidas neste ano. Durante o seminário tivemos a oportunidade de apresentar para o representante do Ministério Público a realidade do estado. O mesmo ficou impressionado com o que os MPs estaduais têm feito nos sindicatos. Desmascarar esta realidade já é uma grande vitória para o Comando, que agora tem como objetivo resolver o impasse. Dentro desse cenário, posso dizer que, com a atuação do Comando, o combate às práticas antissindicais avançou no Brasil.

Portal: Que propostas o seminário de Belém do Pará definiu?Gilda: Entre as propostas está a realização de manifestação de repúdio às práticas antissindicas ocorridas na empresa Vale do Rio Doce; um curso de formação para conscientização de dirigentes e a constituição de um núcleo de advogados para relatar questões de ordem jurídicas.

Portal: E quanto aos assassinatos?Gilda: Esse é um problema muito sério porque a impunidade é muito grande. Em alguns poucos casos prende-se o capanga, mas não o mandante. O Judiciário tem que tomar medidas enérgicas neste sentido para resolver isso, também porque nós temos inúmeros casos de assassinatos, tanto no campo como na cidade.

Portal: Como você avalia a criminalização dos movimentos sindicais e sociais promovida pelos grandes veículos de comunicação?Gilda: Classifico como mais uma prática antissindical. A instalação de CPIs para investigar os movimentos sociais é mais uma forma de intimidação.  Portal: Em janeiro teremos mais uma edição do Fórum Social Mundial. Qual será a participação do Comando?
Gilda: Sabemos que essa realidade é semelhante em todo América Latina. Vamos aproveitar o espaço para trocar experiências. Nossa intenção é divulgar nacionalmente e internacionalmente o trabalho desenvolvido pelo Comando de Combate às Práticas Antissindicais. Além disso, faremos uma Conferência que abordará a problemática, e contará com a participação das seis representantes das centrais sindicais, MP, MTE, OIT, Secretaria Nacional de Direitos Humanos e Dieese.

Portal CTB

COMENTÁRIO

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Categorias

Artigo
Ciência
COVID-19
Cultura
Direitos
Educação
Entrevista
Eventos
Geral
Mundo
Opinião
Política
Programa Extra-Classe
Publicações
Rádio Sinpro Minas
Saúde
Sinpro em Movimento
Trabalho

Regionais

Barbacena
Betim
Cataguases
Coronel Fabriciano
Divinópolis
Governador Valadares
Montes Claros
Paracatu
Patos de Minas
Poços de Caldas
Pouso Alegre
Sete Lagoas
Uberaba
Uberlândia
Varginha