Notícias

Contee conclama pela defesa da democracia, ameaçada por Bolsonaro

27 de fevereiro de 2020

Na terça-feira de Carnaval, 25, o presidente Jair Bolsonaro ameaçou abertamente a democracia brasileira e desafiou a Câmara dos Deputados, o Senado e o Judiciário convocando, em grupos de Whatsapp, manifestação pelo fechamento do Congresso Nacional para 15 de março em “mensagens de cunho pessoal”, conforme confessou.

“Não é hora de brincar! É o momento de levantarmos a nossa voz enquanto podemos e combater nas ruas esse grave crime cometido pelo Bolsonaro ao cobiçar o fechamento do Congresso. Não podemos aceitar outra ditadura no Brasil”, conclamou, em resposta, o coordenador-geral da Contee, Gilson Reis.
O sindicalista, que também é vereador em Belo Horizonte (MG) pelo PCdoB, remeteu à Constituição: “Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra: (…) II – o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades da Federação”.

A Contee está convocando, juntamente com as centrais sindicais, o “Dia Nacional de Luta em Defesa do Serviço Público, Estatais, Emprego e Salário, Soberania, Defesa da Amazônia e Agricultura Familiar”, para 18 de março, mas os sindicalistas estão articulando nova reunião para discutir o ataque de Bolsonaro às instituições da República.

Ministros do STF reagem

O decano do Superior Tribunal Federal (STF), ministro Celso de Mello, considerou que Bolsonaro revelou sua “face sombria” demonstrando “uma visão indigna de quem não está à altura do altíssimo cargo que exerce e cujo ato, de inequívoca hostilidade aos demais Poderes da República, traduz gesto de ominoso desapreço e de inaceitável degradação do princípio democrático!!! O presidente da República, qualquer que ele seja, embora possa muito, não pode tudo, pois lhe é vedado, sob pena de incidir em crime de responsabilidade, transgredir a supremacia político-jurídica da Constituição e das leis da República!”.

Outro ministro do STF, Gilmar Mendes, lembrou que a Constituição de 1988 “garantiu o nosso maior período de estabilidade democrática. A harmonia e o respeito mútuo entre os Poderes são pilares do Estado de Direito, independentemente dos governantes de hoje ou de amanhã. Nossas instituições devem ser honradas por aqueles aos quais incumbe guardá-las”.

Ex-presidentes deploram

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), alertou: “Estamos com uma crise institucional de consequências gravíssimas. Calar seria concordar. Melhor gritar enquanto de tem voz, mesmo no Carnaval, com poucos ouvindo”. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) considerou “urgente que o Congresso Nacional, as instituições e a sociedade se posicionem diante de mais esse ataque, para defender a democracia”. A ex-presidenta Dilma Rousseff (PT) afirmou ser “urgente e necessária forte resposta das instituições ou o País mergulhará, mais uma vez, na escuridão das ditaduras”.

O governador de São Paulo, João Dória (PSDB), que apoiou a eleição do atual presidente, repudiou “com veemência qualquer ato que desrespeite as instituições e os pilares democráticos do país. Lamentável o apoio do presidente Jair Bolsonaro a uma manifestação contra o Congresso Nacional”. “Coagir o Legislativo e o Judiciário constitui crime de responsabilidade”, alertou o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB).

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, entendeu ser a convocação golpista “inadmissível. O presidente está mais uma vez traindo o que jurou ao Congresso em sua posse, quando jurou defender a Constituição Federal. A Constituição e a democracia não podem tolerar um presidente que conspira por sua supressão”.

Congressistas indignados

Alessandro Molon (PSB), líder da oposição na Câmara dos Deputados, indignou-se “É inadiável uma reunião de forças contra esse poder autoritário. Ou defendemos a democracia agora ou não teremos mais nada para defender em breve”. A líder da Minoria na Câmara dos Deputados, Jandira Feghali (PCdoB-RJ), enviou mensagem a Rodrigo Maia pedindo uma posição firme em defesa do Poder Legislativo. “Não dá pra encarar mais essa atitude do presidente como algo menor ou isolado”. “Vou entrar com o impeachment. Bolsonaro prometeu que sempre lutaria pela democracia. Mentiroso. Ele está abrindo uma crise institucional”, afirmou o deputado federal Alexandre Frota (PSDB-SP), que era da base governista.

Os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL), Humberto Costa (PT-PE), Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Weverton Rocha (PDT-MA) também condenaram a ação golpista do presidente da República.

Ciro Gomes, que concorreu à Presidência pelo PDT, espera “que o Congresso, sob as lideranças de Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre, e o STF, com todos os ministros, saibam reagir a essa ameaça”. Fernando Haddad, que disputou a Presidência pelo PT, enfatizou: “Bolsonaro, ao que tudo indica, cometeu crime de responsabilidade previsto na Constituição que jurou respeitar mas, certamente, nunca leu”.

Fonte: Carlos Pompe, da Contee

COMENTÁRIO

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Categorias

Artigo
Ciência
COVID-19
Cultura
Direitos
Educação
Entrevista
Eventos
Geral
Mundo
Opinião
Opinião Sinpro Minas
Política
Programa Extra-Classe
Publicações
Rádio Sinpro Minas
Saúde
Sinpro em Movimento
Trabalho

Regionais

Barbacena
Betim
Coronel Fabriciano
Divinópolis
Governador Valadares
Montes Claros
Patos de Minas
Poços de Caldas
Pouso Alegre
Sete Lagoas
Uberaba
Uberlândia
Varginha