*Paula Santana, João Vítor Marques e Deborah Lima, para Jornal Estado de Minas – 07q07q20
Indicadores desfavoráveis sobre ocupação de leitos e número médio de transmissão por infectado (Rt) pela
COVID-19 em Belo Horizonte fizeram o prefeito
Alexandre Kalil (PSD) cancelar reunião que teria com comerciantes nesta quarta-feira (8). De acordo com o chefe do Executivo municipal, ainda não é possível ampliar a flexibilização do isolamento social na cidade.
“Os números não nos permitem nada diferente do que está acontecendo hoje. Então, nós não temos o porquê de fazer uma reunião sem objetivo. Eu recebo duas, três vezes por dia os números das ocupações (de leitos de UTI e de enfermarias), as transmissões (Rt)”,
disse Kalil nesta terça-feira (7), durante reunião na Prefeitura de BH com grupos pró-isolamento social.
O encontro desta quarta teria a presença de representantes da Câmara de Dirigentes Lojistas (
CDL) e do Sindicato de Lojistas (
Sindilojas) de Belo Horizonte e debateria a possibilidade de reabrir mais setores do comércio da capital mineira.
Por meio de nota (leia na íntegra no fim do texto), a CDL se posicionou contrariamente ao cancelamento da reunião e disse que a medida foi “tomada de forma autoritária e unilateral pela prefeitura”. O
Estado de Minas também procuou o presidente do Sindilojas, Nadim Elias Donato Filho, que preferiu não se posicionar sobre o tema.
Reabertura
Para a semana que vem, ainda não há definição da prefeitura sobre o grau de fechamento do comércio. Atualmente, apenas serviços considerados essenciais podem abrir as portas.
A decisão sobre o comércio na próxima semana será tomada nesta sexta-feira (10), com base em dados do dia anterior. São analisados três indicadores principais: o Rt e as taxas de ocupação de UTIs e leitos de enfermaria específicos para pacientes com coronavírus.
Atualmente, as ocupações de UTIs e enfermarias estão em 91% e 70%, respectivamente. Já o Rt – que estava em 1,13 na última quinta-feira – só será divulgado na próxima sexta.
Os números atuais impediriam qualquer tipo de abertura e poderiam, inclusive, indicar restrições ainda maiores à circulação de pessoas.
“O comitê (de combate à COVID-19 em
Belo Horizonte) se baseia em protocolos científicos. É isso o que a gente faz. Independente de qualquer pressão”, afirmou o secretário de Saúde, Jackson Machado, logo após a reunião com os grupos pró-isolamento.
“É importante ter pressão que põe a gente para pensar. Mas isso não determina se abre ou fecha”, completa.
Jackson lamentou que os indicadores da pandemia estão preocupantes em BH. “Não podemos forçar os hospitais privados a cederem leitos. Hoje,
estão ocupadas 91% das UTIs (do SUS). Há promessa do Estado de fornecer dez respiradores. Se isso acontecer, novos leitos poderão ser fornecidos”, finalizou.
Reunião
No encontro desta terça-feira com Kalil, representantes dos conselhos estadual e municipal de saúde, associações médicas, sindicatos e organizações estudantis manifestaram
apoio ao isolamento social como forma de combate à
COVID-19 na capital.
O grupo entregou
documento assinado por 70 entidades mineiras que pede ainda mais firmeza no combate ao novo
coronavírus, com implantação de
lockdown, se a ciência assim recomendar.
“A gente acredita ser importante manter as medidas de isolamento social e aprofundar nas políticas de combate da pandemia e de testagem”, disse Simone Carvalho, presidente licenciada da Associação dos Docentes da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG).
Segundo a professora, há uma preocupação com parte da população que
pede a flexibilização do comércio. “A gente espera que o prefeito apoie mais as medidas de
isolamento social. Quanto mais ele apoiar essas medidas pra gente, é melhor”, complementa Simone.
A pauta do movimento inclui ainda implantação de mais leitos na cidade, ampliação da testagem, medidas de proteção ao emprego e à renda de trabalhadores e grupos vulneráveis e melhores condições de trabalho aos profissionais de saúde.