Notícias

Cuba: um bloqueio ilegítimo

30 de outubro de 2015

Ana Maria Prestes *

No dia de ontem, 27 de outubro de 2015, 191 países membros das Nações Unidas votaram pelo fim do bloqueio econômico, comercial e financeiro a Cuba. Nenhum país se absteve. Dois países votaram contra: Estados Unidos e Israel.

Em toda a história da humanidade, nunca um país foi mantido sob tão longa e severa guerra econômica como a que impõe os Estados Unidos ao soberano povo cubano. Mesmo com o restabelecimento das relações diplomáticas bilaterais entre os dois países, no último dia 17 de dezembro, a política de bloqueio e suas implicações e danos continuam intactos. Perpetua-se a hostilidade do gigante norte-americano frente a uma pequena ilha. Contam com a cumplicidade de outro país, igualmente perito em hostilidade e violência, neste caso aos Palestinos.

O curioso é que o representante dos EUA na ONU justificou seu 24º. voto, desde 1991 (quando a petição foi apresentada pela primeira vez pelos cubanos), contra o fim do bloqueio a Cuba justamente pelos “progressos” alcançados desde o reatamento das relações bilaterais. Segundo especialistas, as mudanças ocorridas nos últimos meses provocaram nos congressistas conservadores e contrários ao fim do bloqueio a “exigência” da manutenção do endurecimento com relação ao bloqueio. Seria como enviaruma mensagem: “os cubanos já tiveram a benevolência do reatamento das relações conosco, o fim do bloqueio seria pedir demais”.

O voto contrariou a expectativa da comunidade internacional por uma abstenção estadunidense. Prevaleceu o status quo no momento em que se acirra a disputa pré-eleitoral pelo mais alto posto político do país. O candidato presidencial republicano Marco Rubio (cubano-estadunidense) chegou a dizer que a opção pela abstenção revelaria que Obama estaria mais preocupado “com a popularidade internacional do que com a segurança nacional e os interesses políticos norte-americanos no exterior”.

A pressão interna falou mais forte do que a externa. As delegações de países como Brasil e China foram bem enfáticas durante as votações ao se dirigirem aos Estados Unidos e alertarem para a necessidade de avançarem internamente com esta pauta, observando os inúmeros prejuízos impostos ao povo cubano e por extensão ao povo latino americano. A delegação chinesa ressaltou que o bloqueio viola os princípios da carta da ONU e tem gerado perdas econômicas e nega a Cuba o direito de existir de forma igualitária aos demais Estados.

Não há como negar a ilegitimidade do bloqueio quando 191 países votam pelo seu fim e apenas dois mantém sua posição em contrário. Já está claro para os americanos, e assumido pelo próprio Obama, que os objetivos almejados com o bloqueio não foram alcançados. Estima-se que 77% dos cubanos nasceram e viveram sob os efeitos do bloqueio. Os danos econômicos acumulados são da ordem de 833 bilhões de dólares. Hoje são penalizados absolutamente todos que tentam afrontar o bloqueio e sobreviver a ele, inclusive enfermos e crianças, estudantes e idosos, pequenos comércios e grandes obras de infraestrutura.

Ao baterem o pé como crianças birrentas, EUA e Israel expõem a ilegitimidade do embargo. O fim do bloqueio é uma imposição histórica que já não tarda a chegar. Se os americanos tardarem a perceber, inauditos estarão dando de comer a uma carcaça.

* Ana Maria Prestes é Doutora em Ciência Política pela UFMG. Membro do Comitê Central do PCdoB.

Fonte: Vermelho

COMENTÁRIO

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Categorias

Artigo
Ciência
COVID-19
Cultura
Direitos
Educação
Entrevista
Eventos
Geral
Mundo
Opinião
Política
Programa Extra-Classe
Publicações
Rádio Sinpro Minas
Saúde
Sinpro em Movimento
Trabalho

Regionais

Barbacena
Betim
Cataguases
Coronel Fabriciano
Divinópolis
Governador Valadares
Montes Claros
Paracatu
Patos de Minas
Poços de Caldas
Pouso Alegre
Sete Lagoas
Uberaba
Uberlândia
Varginha