Ana Maria Prestes *
No dia de ontem, 27 de outubro de 2015, 191 países membros das Nações Unidas votaram pelo fim do bloqueio econômico, comercial e financeiro a Cuba. Nenhum país se absteve. Dois países votaram contra: Estados Unidos e Israel.
Em toda a história da humanidade, nunca um país foi mantido sob tão longa e severa guerra econômica como a que impõe os Estados Unidos ao soberano povo cubano. Mesmo com o restabelecimento das relações diplomáticas bilaterais entre os dois países, no último dia 17 de dezembro, a política de bloqueio e suas implicações e danos continuam intactos. Perpetua-se a hostilidade do gigante norte-americano frente a uma pequena ilha. Contam com a cumplicidade de outro país, igualmente perito em hostilidade e violência, neste caso aos Palestinos.
O curioso é que o representante dos EUA na ONU justificou seu 24º. voto, desde 1991 (quando a petição foi apresentada pela primeira vez pelos cubanos), contra o fim do bloqueio a Cuba justamente pelos “progressos” alcançados desde o reatamento das relações bilaterais. Segundo especialistas, as mudanças ocorridas nos últimos meses provocaram nos congressistas conservadores e contrários ao fim do bloqueio a “exigência” da manutenção do endurecimento com relação ao bloqueio. Seria como enviaruma mensagem: “os cubanos já tiveram a benevolência do reatamento das relações conosco, o fim do bloqueio seria pedir demais”.
O voto contrariou a expectativa da comunidade internacional por uma abstenção estadunidense. Prevaleceu o status quo no momento em que se acirra a disputa pré-eleitoral pelo mais alto posto político do país. O candidato presidencial republicano Marco Rubio (cubano-estadunidense) chegou a dizer que a opção pela abstenção revelaria que Obama estaria mais preocupado “com a popularidade internacional do que com a segurança nacional e os interesses políticos norte-americanos no exterior”.
A pressão interna falou mais forte do que a externa. As delegações de países como Brasil e China foram bem enfáticas durante as votações ao se dirigirem aos Estados Unidos e alertarem para a necessidade de avançarem internamente com esta pauta, observando os inúmeros prejuízos impostos ao povo cubano e por extensão ao povo latino americano. A delegação chinesa ressaltou que o bloqueio viola os princípios da carta da ONU e tem gerado perdas econômicas e nega a Cuba o direito de existir de forma igualitária aos demais Estados.
Não há como negar a ilegitimidade do bloqueio quando 191 países votam pelo seu fim e apenas dois mantém sua posição em contrário. Já está claro para os americanos, e assumido pelo próprio Obama, que os objetivos almejados com o bloqueio não foram alcançados. Estima-se que 77% dos cubanos nasceram e viveram sob os efeitos do bloqueio. Os danos econômicos acumulados são da ordem de 833 bilhões de dólares. Hoje são penalizados absolutamente todos que tentam afrontar o bloqueio e sobreviver a ele, inclusive enfermos e crianças, estudantes e idosos, pequenos comércios e grandes obras de infraestrutura.
Ao baterem o pé como crianças birrentas, EUA e Israel expõem a ilegitimidade do embargo. O fim do bloqueio é uma imposição histórica que já não tarda a chegar. Se os americanos tardarem a perceber, inauditos estarão dando de comer a uma carcaça.
* Ana Maria Prestes é Doutora em Ciência Política pela UFMG. Membro do Comitê Central do PCdoB.
Fonte: Vermelho
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