Servidores alertam que arquivo, que deve ser atualizado anualmente, está perto do fim e já não há questões suficientes para o ano que vem
O governo de Jair Bolsonaro não incluiu nenhum novo item no banco de questões para a prova do Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem, desde que chegou ao poder em 2019. O fato, alertam os servidores do Inep, faz com que os itens testados e aprovados para a elaboração estejam chegando ao fim e já não há questões suficientes para a prova em 2022.
De acordo com a publicação, desde a gestão de Michel Temer (MDB), nenhuma nova questão foi incluída no Banco Nacional de Itens (BNI), de onde são retiradas as perguntas para a montagem do exame. Antes de poderem ser selecionadas, as questões são avaliadas e testadas em um rigoroso processo. A gestão Bolsonaro, de acordo com servidores, apenas barrou itens e solicitou modificação de termos sem se preocupar com a inclusão de novas questões no arquivo nacional.
Segundo os servidores, esta não atualização fez com que, por exemplo, não constassem perguntas sobre a Covid-19 na prova, já que o banco é anterior à pandemia. A não atualização também confirmaria a influência limitada que o governo tem sobre a prova, tendo se preocupado apenas em barrar temas e questões. Para que as abordagens com ‘a cara do governo’ fossem aplicadas, as questões teriam que constar no BNI, ou seja, teriam que ter sido testadas e aprovadas no processo.
Ao jornal, os servidores alertaram que o BNI precisa ser atualizado com urgência, até março de 2022. Caso contrário, não haverá tempo hábil para a montagem da prova de 2022 seguindo o tradicional processo estabelecido no exame.
O governo já abriu um edital para professores e finalizou uma capacitação em 2020. Eles serão responsáveis pela produção dos itens e revisão pedagógica. Os itens elaborados ainda passarão pela aprovação de uma junta de servidores técnicos do Inep de diferentes áreas do conhecimento. Depois disso, as questões ainda passarão por uma pré-testagem com alunos do Ensino Médio, que respondem sem saber que elas poderão integrar o BNI do Enem.
Todo esse processo, no entanto, ainda não tem data para ser iniciado e, como alertaram os servidores, precisa ser concluído até março. O prazo, segundo eles, está apertado, o que coloca em risco a correta elaboração do exame em 2022.
Procurados, o Inep e o Ministério da Educação não responderam os questionamentos da reportagem.
Fonte: Carta Educação, com informações do jornal O Globo
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