Notícias

Grandes jornais e revistas reproduzem posições contrárias a ações afirmativas para negros

20 de novembro de 2009

A cobertura dos assuntos de interesse da população negra no Brasil pelos grandes jornais e revistas  reproduz posições contrárias a ações afirmativas, como cotas em universidades e o reconhecimento de terras remanescentes de quilombos. O diagnóstico é do Observatório Brasileiro de Mídia, que analisou 1.093 reportagens, veiculadas nos principais jornais e revistas de circulação semanal do país, entre 2001 e 2008.

A pesquisa avaliou a cobertura de pontos considerados de interesse da população negra: cotas nas universidades, reconhecimento de direitos quilombolas, ações afirmativas, Estatuto da Igualdade Racial, diversidade racial e religiões de matriz africana.

Nos jornais, 22,2% dos textos tinham conteúdo contrário às políticas de reparação de desigualdades, com posicionamento desfavoráveis a cotas raciais no ensino superior, ao Estatuto da Igualdade Racial e à demarcação de territórios quilombolas. Em 15% dos casos, as matérias tinham conteúdo favorável a esses temas. Cerca de 1,5% dos textos tratavam da necessidade de mais debate sobre ações afirmativas.

De acordo com o pesquisador do Núcleo de Estudos sobe Mídia e Política da Universidade de Brasília, Venício Lima, o posicionamento contrário a ações afirmativas é justificado em editoriais com o argumento de que essas medidas promovem o racismo. Já em relação ao reconhecimento de terras quilombolas, os editorialistas consideram “que o critério da autodeclaração é falho e traz insegurança à propriedade privada”, cita o pesquisador em artigo.

Segundo Lima, durante o período analisado, diversos estudos confirmaram “o acerto das políticas afirmativas”, mas somente 5,8% dos textos publicados pelos jornais noticiaram ou repercutiram esse tipo de estatística. Quando apareceu nos jornais, a divulgação de pesquisas e estudos sobre temáticas da população negra mostrou principalmente dados sobre diferenças entre negros e brancos no mercado de trabalho, a baixa escolaridade da população negra, o racismo e os percentuais elevados de vítimas de violência e mortalidade entre os pretos e pardos na comparação com os brancos.

A análise da cobertura das revistas teve resultados semelhantes aos dos jornais, de acordo com o estudo. Os textos com posicionamento contrário às ações afirmativas também apareceram em menor proporção que as matérias com conotação favorável, 26,4% e 13,2%, respectivamente. Assim como nos jornais, a cobertura dos programas de cotas raciais nas universidades foi o que mais apareceu no noticiário entre os assuntos de interesse listados.

Na avaliação do pesquisador, os resultados revelam um paradoxo ao mostrar que os grandes jornais e revistas têm se preocupado cada vez mais com a liberdade de expressão, mas, ao mesmo tempo, não têm o mesmo cuidado com a “reparação da desigualdade e da injustiça” sofridas pela população negra do país. Fonte: Agência Brasil 

COMENTÁRIO

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Categorias

Artigo
Ciência
COVID-19
Cultura
Direitos
Educação
Entrevista
Eventos
Geral
Mundo
Opinião
Opinião Sinpro Minas
Política
Programa Extra-Classe
Publicações
Rádio Sinpro Minas
Saúde
Sinpro em Movimento
Trabalho

Regionais

Barbacena
Betim
Coronel Fabriciano
Divinópolis
Governador Valadares
Montes Claros
Patos de Minas
Poços de Caldas
Pouso Alegre
Sete Lagoas
Uberaba
Uberlândia
Varginha