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Heloisa Villela: Lucros das corporações disparam, impostos desabam

17 de julho de 2013

por Heloisa Villela, de Nova York (no Viomundo)

O gráfico acima é bem mais eloquente do que qualquer texto. A linha azul mostra o aumento dos lucros das empresas norte-americanas entre 1945 e 2011.

A linha vermelha revela o quanto elas pagaram de impostos, em relação ao Produto Interno Bruto do país, no mesmo período.

No estudo de 48 páginas, a organização Public Citizen explica como isso acontece e como o Congresso dos Estados Unidos trabalha para evitar que o fosso se feche, enquanto se engalfinha numa luta sem fim para reduzir o déficit do governo cortando o orçamento.

Claro, arrecadar o que é devido à sociedade não tem tanta importância quanto cortar a verba para os programas de educação, saúde, assistência social… especialmente no momento em que o país se arrasta para sair da crise criada pelo sistema financeiro que foi, este sim, bem tratado e socorrido com dinheiro público — enquanto a população pagou o pato, perdeu emprego e sofreu despejos.

No momento, existe uma briga no Congresso dos Estados Unidos (se é que se pode chamar de briga, quando a franca maioria está do lado do sistema financeiro) para reduzir a disparidade.

São três projetos de lei sob a artilharia pesada dos lobbies de Wall Street:

– Cut Unjustified Tax Loopholes Act (Lei para acabar com os buracos na lei de impostos)

– Stop Tax Haven Abuse Act (Lei para impedir que as empresas usem paraísos fiscais para esconder os lucros do Leão)

– Wall Street Trading and Speculators Tax Act  (reestabelecer o imposto de 0,03% sobre transações financeiras)

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A Public Citizen, sempre de olho nas artimanhas políticas de Washington, fez as contas e descobriu que dos 386 lobistas que trabalham com estas leis, 331 (ou seja, 86%) representam os interesses das empresas.

A chance de que elas sejam aprovadas? Menos de 1%.

O setor financeiro responde, sozinho, por 30% dos lucros das empresas norte-americanas, mas paga apenas 18% do total de impostos recolhidos.

O volume de dinheiro investido para barrar as leis é infinitamente superior ao gasto na briga pela aprovação dos projetos.

É assim que se faz política quando o sistema permite e vê com bons olhos a participação do capital financeiro em todas as fases do processo, a começar do financiamento das campanhas políticas cada dia mais caras.

Esse abismo entre lucro e imposto pago talvez explique a aparente insensatez do mercado financeiro. Enquanto o sentimento geral no país é de desânimo, o desemprego continua alto e o número de pessoas empregadas ainda está muito abaixo do de seis anos atrás, as ações da Bolsa de Valores continuam subindo. Wall Street sorri. Computa os lucros. O povo, pena.

PS do Viomundo: É exatamente disso que se trata, também, no Brasil. A população exige melhores serviços públicos na saúde, transporte e educação. Mas, quem vai pagar a conta? Vai haver uma reforma tributária que cobre mais imposto de quem pode pagar mais?

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