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Juventude brasileira prioriza formação e adia entrada no mercado

12 de maio de 2011

Os jovens de 15 a 17 anos estão estudando mais e trabalhando menos. A proporção desses adolescentes ocupados ou buscando emprego caiu 27%, em oito anos, nas seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE. Nem mesmo o forte aumento de salários e vagas em 2010, com a economia crescendo 7,5%, bastou para atraí-los para o mercado.

A faixa etária corresponde a 18,9% da população economicamente ativa em 2010, a menor taxa média já apurada nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Recife, Salvador e Porto Alegre. Em 2003, quando o IBGE iniciou o levantamento, eram 26%.

Para especialistas, a principal causa da mudança é a valorização da educação num ambiente profissional cada vez mais competitivo. E a expansão da renda nos últimos anos permite que os pais sustentem os filhos por mais tempo, adiando sua entrada no mercado e possibilitando sua permanência na escola.

Políticas públicas como o Bolsa Família, que exige que os beneficiários estudem, e a progressão continuada, que evita a repetência escolar, também estimulam crianças e jovens a ficar por mais tempo na sala de aula.

Outra pesquisa do IBGE mostra que o percentual de jovens que estudam e não trabalham subiu de 39% em 1992 para 65% em 2009. “A melhora da renda familiar ajuda a explicar, mas a percepção da importância e dos retornos da educação é mais relevante”, diz o economista Jorge Arbache, da Universidade de Brasília. “As famílias fazem mais esforço para manter a meninada nas escolas porque entendem que vale a pena estudar mais.”

Para o coordenador do Centro de Políticas Públicas do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa), Naercio Menezes, falta mão de obra qualificada. Nesse cenário, é mais interessante para o jovem sem experiência estudar mais e buscar um emprego melhor no futuro.

“Mesmo com o mercado de trabalho aquecido, as pessoas estão preferindo permanecer na escola”, afirma. “Elas estão fazendo um cálculo de que vale mais a pena estudar do que adquirir experiência profissional desde cedo”, completa ele.

O governo lançou, no fim de abril, o Pronatec, programa de qualificação profissional cuja meta é oferecer 8 milhões de vagas até 2014 em cursos técnicos.

Arbache elogia a iniciativa, mas lembra que a qualidade do ensino precisa melhorar em relação aos competidores do país: “O jovem brasileiro está disputando emprego com o jovem da Malásia. Lá na frente, isso é que acontece”. A transformação no perfil do mercado de trabalho brasileiro não se dá apenas entre os mais jovens: em abril, levantamento feito pela Folha a partir de dados do IBGE mostrou que o número de pessoas ocupadas acima de 50 anos subiu 56,1% de 2003 ao primeiro trimestre de 2011.

A saída dos jovens do mercado de trabalho para a escola contribui para reduzir a taxa de desemprego do Brasil. Apesar de o percentual de desocupados com idade entre 15 e 17 anos ter caído de 37% em março de 2002 para 25% em março deste ano, a taxa continua sendo a mais alta de toda a população. A taxa de desemprego média do país hoje é 6,5%.

Quando os jovens deixam de buscar emprego, eles saem da estatística de desocupação e reduzem a pressão sobre a taxa nacional. O economista Naercio Menezes, do Insper, afirma que a troca do trabalho pelo estudo é boa para eles, que vão ganhar salários maiores. Ele destaca que os indicadores de ensino mostram desempenho melhor dos alunos que se dedicam apenas aos estudos do que daqueles que também trabalham.Fonte: CTB, com informações da Folha de São Paulo

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