Após uma acirrada disputa com fundos de investimento e grupos americanos de ensino como Apollo, Laureate e Whitney, a mineira Kroton fechou a aquisição do grupo catarinense Uniasselvi por R$ 510 milhões. É a segunda transação no segmento de ensino a distância (EAD) efetuada pela Kroton em apenas cinco meses. Em dezembro, a companhia desembolsou R$ 1,3 bilhão pela Unopar, com sede em Londrina, que lidera esse mercado.
Com a aquisição, a Kroton torna-se o maior grupo de ensino superior em número de alunos e Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) – ultrapassando a Anhanguera, que continua a maior do setor em receita líquida. A Kroton estima para este ano um Ebitda de R$ 350 milhões e a projeção da Anhanguera é de R$ 330 milhões. O grupo mineiro conta agora com 411,8 mil estudantes matriculados no ensino superior, e a Anhanguera tem 393,3 mil alunos inscritos em suas faculdades.
Um dos principais fatores que motivaram a Kroton a investir na nova aquisição foi a possibilidade de sinergias com a Unopar. A Uniasselvi tem um tamanho muito menor quando comparado à instituição paranaense, mas tem a seu favor um modelo pedagógico diferenciado. Em ambos os casos, os alunos são obrigados a ir uma vez por semana ao polo para assistir uma aula presencial. A diferença é que no caso da Uniasselvi há um professor por sala nessas aulas presenciais. Já na Unopar, o professor ministra a aula em um estúdio e a transmite por meio de satélite para os polos.
“O modelo da Uniasselvi assemelha-se a uma faculdade presencial, com polos maiores, algo em torno de 1,3 mil m2 contra 500 m2 da Unopar. Os alunos são mais envolvidos com o acompanhamento de um professor. Tanto é que a taxa de evasão é baixa”, explicou Rodrigo Galindo, presidente da Kroton.
“A ideia é implementar o método de ensino da Uniasselvi nos quase 400 polos da Unopar. Quando houver essa integração será possível aumentar em até três vezes o tamanho dos polos. Por isso, a Kroton estava tão interessada nessa aquisição”, explicou Ryon Braga, sócio da consultoria Hoper, que assessorou a Uniasselvi.Desde 2009, o grupo mineiro mantém conversações com a instituição catarinense e neste começo de ano intensificou a negociação, concluída um dia antes da entrada em vigor da lei que estabelece que aquisições feitas por empresas com faturamento superior a R$ 400 milhões devem ter aval do Cade antes de ser realizadas. “Nesses primeiros cinco meses, as negociações foram intensas e nesse final consideramos, sim, a questão do Cade”, disse Galindo.
A expectativa é que a partir do próximo ano haverá uma sinergia de R$ 12,5 milhões por ano com a chegada do grupo catarinense. Das 48 unidades da Uniasselvi, haverá uma sobreposição em 26. “Os polos com sobreposição representam apenas 6% dos alunos da Unopar e têm um grande potencial de crescimento”, explicou Galindo.Outro fator que atraiu o grupo mineiro foi a presença da Uniasselbi em grandes cidades. “São negócios complementares. A Unopar está mais presente no interior dos Estados e a Uniasselvi tem unidades em cidades maiores”, disse João Vianney, consultor da Hoper.
Fonte: Valor Econômico
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