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Latifundiários do Mato Grosso do Sul se armam para dizimar índios

11 de setembro de 2015

O Portal CTB conversou com exclusividade com a índia Naine Terena, mestra em artes pela Universidade de Brasília e doutora em educação pela PUC-SP. Ela relata a grave situação dos conflitos pela posse de terras indígenas no Mato Grosso do Sul, estado onde ocorrem as maiores violências contra os índios no país.

Somente no ano passado foram assassinados 25 índios no estado, segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi). “Essa matança sempre ocorreu, agora está mais visível porque no regime democrático fica mais difícil esconder”, diz Naine.

Ela tem esperança de que seja encontrada uma solução que contemple todos os lados da disputa. A insegurança dos povos indígenas no estado está tão periclitante que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, esteve reunido com lideranças locais para que a matança de índios cesse.

Segundo Naine, os índios querem a demarcação de suas terras. “Faz tempo que não se demarca mais terras indígenas e o nosso povo não é nada sem a terra”, afirma.

Naine também acusa a mídia de ser comprometida com a causa dos fazendeiros. “A mídia ataca os indígenas inclusive com mentiras. Tem fazendeiro espalhando que somos paraguaios, outros nos tratam como vagabundos, bêbados e invasores”, diz ela, e acrescenta: “Somos tão brasileiros quanto todos os 200 milhões que nasceram aqui. Só queremos nossos direitos respeitados. Queremos nossa terra para produzir alimento e trabalhar pelo nosso povo e familiares como todo mundo”.

“Estão matando inclusive nossas crianças. Não podemos ficar parados”, denuncia. A representante indígena defende uma negociação entre os povos indígenas e os fazendeiros com intermediação do governo para se encontrar um ponto em comum e impedir a continuidade da violação de seus direitos. Além da homologação e demarcação das terras indígenas, Naine destaca a necessidade de “políticas públicas de verdade”, afirma referindo-se a políticas eficazes, que promovam condições de sobrevivência digna ao seu povo.

“Os índios estão esperando há anos por uma solução negociada, mas essa solução não chega e as condições de vida se tornam mais e mais degradantes”, afirma Matias Benno, do Conselho Indigenista. Já Naine critica a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215/2000, que pretende tirar do Poder Executivo a prerrogativa para a demarcação de terras, e a PEC 71/2011, que visa indenização a todos os possuidores de títulos de terras, independente da situação legal. “Essas PECs podem piorar a nossa situação, pois com esse Congresso com grande número de ruralistas ficaria impossível termos nossas terras homologadas”, reforça.

O governo federal promete atuar para solucionar a questão em Mato Grosso do Sul o mais rápido possível. Até porque existe a acusação de que os latifundiários do estado com seus aliados na mídia, na política local e no Congresso estão criando milícias particulares fortemente armadas para atacar os acampamentos indígenas.

Fonte: Portal CTB

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