A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino — Contee manifesta seu repúdio aos ataques patronais contra os sindicatos de professores e auxiliares de administração escolar, acusando-os de emperrar o retorno às aulas presenciais e, com isso, “tumultuar” o direito à educação e a própria garantia de emprego dos trabalhadores.
Em primeiro lugar, é preciso deixar claro que as entidades sindicais representativas de professores e auxiliares de administração escolar não são contrárias ao retorno das atividades presenciais nas escolas, mas, sim, contra uma volta irresponsável num momento em que a pandemia da Covid-19 segue em total descontrole.
Uma das provas de que Contee e seus sindicatos de base têm razão em seu posicionamento é a notícia de que, nesta terça-feira, 2 de março, a Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo anunciou que vai pedir ao Centro de Contingenciamento do Coronavírus que suspenda as aulas presenciais nas escolas paulistas, justamente porque, como avisamos, o retorno às aulas presenciais amplia a circulação de pessoas em situações que poderiam ser evitadas. Não se trata de um risco que atinge apenas professores, técnicos administrativos e estudantes, mas toda a comunidade.
Ao atacar as entidades sindicais de trabalhadores em estabelecimentos de ensino e pressionar os profissionais das escolas a um retorno a qualquer preço, são os sindicatos patronais que demonstram seu desprezo pela educação, tratada por eles, escancaradamente, como mera mercadoria. Mais do que isso: a pressão de donos de escolas, sobretudo aquelas com fins lucrativos, pela volta às aulas presenciais segue a cartilha da política ultraliberal e coloca os interesses econômicos acima de todos os direitos: à educação incluso, mas também à saúde, à segurança e à vida.
Como já apontado pela Contee, o setor patronal tem usado um pretenso protocolo sanitário, que nem de longe responde à gravidade do momento pandêmico, para tentar vender para as famílias a falsa ideia de um retorno seguro — que não existe — e pressionar professores e técnicos administrativos para essa volta, inclusive com ameaças de demissão.
Ao mesmo tempo, sindicatos patronais e donos de escolas responsabilizam os trabalhadores em educação e sua luta por seus direitos — bem como pelo pelo direito de sobrevivência de toda a comunidade — por uma possível quebradeira que seria provocada pelos pedidos de redução de mensalidades, pela evasão escolar e pela inadimplência.
Essas mesmas entidades patronais, contudo, nada fazem no sentido de cobrar ações afirmativas do Poder Público, entre as quais a vacinação de seus profissionais, a garantia de auxílio a estudantes e seus familiares afetados pelo desemprego e pela crise econômica e a retomada do auxílio emergencial sem cortes nos investimentos em saúde e educação pública.
Em resposta a esses ataques, a Contee expressa seu total apoio a seus sindicatos filiados, legítimos representantes legais da categoria, e reitera que irá processar criminalmente os estabelecimentos de ensino privado que retomarem suas atividades na forma presencial, convocando compulsoriamente seus funcionários durante o pleno e incontrolável recrudescimento da pandemia da Covid-19, que já contaminou mais de 10 milhões e ceifou a vida de mais de 250 mil brasileiras e brasileiros.
Nosso posicionamento segue alinhado com os dados científicos e as recomendações dos profissionais de saúde, de que ainda não é possível um retorno seguro às aulas presenciais.
Brasília, 2 de março de 2021.
Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino — Contee
Foto: Ag. Senado/Reprodução
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