“Os professores são uma classe que não está trabalhando há mais de um ano”. Essa foi a fala do vereador Ricardo da Zélia (PSDB), em plenário da câmara municipal de Poços de Caldas, na última segunda-feira, 23/02.
Diante da posição do vereador, o Sinpro Minas manifesta indignação com uma afirmação totalmente distorcida da realidade vivida pela categoria docente.
Professores e professoras já lutam historicamente por terem valorizado um trabalho que vai além da sala de aula. Mas em tempos de pandemia, a dedicação extraclasse e os desafios colocados para esses/as trabalhadores/as só se agravam.
Desde o ínicio da crise sanitária, professores/as tiveram que adaptar as salas de aulas em suas casas. Além do trabalho central de ensinar, houve uma corrida contra o tempo para atender a pressão das escolas e dominar os meios tecnológicos: gravar aula, editar, fazer live, atender alunos/as e familiares fora do horário de trabalho. Muitas vezes, um trabalho solitário, sem a devida estrutura que deveria ser disponibilizada pelas escolas. Tudo isso em meio a uma conjuntura nada acolhedora: medo do contágio, insegurança com relação à manutenção do emprego, acúmulo de aulas devido aos baixos salários. Ainda destacamos as duplas, triplas jornadas das professoras, mulheres e mães que, em uma sociedade que escancara a desigualdade de gênero, sofrem ainda mais com o trabalho docente em um ambiente doméstico.
De acordo com pesquisa feita pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em parceria com a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), divulgada no útimo ano, 89% dos professores não contavam com nenhuma experiência em educação à distância, antes da pandemia do novo coronavírus. A pesquisa também revela que a percepção de 82% dos docentes é de que houve um aumento das horas de trabalho. O estado emocional dos professores também está sendo colocado à prova: 69% declararam ter medo e insegurança por não saber como será o retorno à normalidade e 50% declaram ter medo em relação ao futuro.
Diante de uma realidade tão desafiadora, provada por dados e fatos, é inadmissível que um parlamentar utilize um espaço de poder para invisibilizar e atacar a categoria docente. Fica explícito o despreparo do vereador com relação à luta por uma educação de qualidade, já que sua posição desconsidera um contexto social, político, econômico e sanitário que afeta diretamente todos/as os trabalhadores/as em Educação e toda comunidade escolar.
O Sinpro Minas reafirma a defesa da valorização docente, em uma conjuntura cada mais desafiadora.
Reconhecemos o esforço de todos/as os/as professores/as, mesmo diante de tantas dificuldades e seguimos na luta para que a categoria seja incluída como grupo prioritário na vacinação contra o Covid-19, pela defesa da vida e em respeito a um trabalho essencial em nossa sociedade.
Entidade filiada ao
O Sinpro Minas mantém um plantão de diretores/funcionários para prestar esclarecimentos ao professores sobre os seus direitos, orientá-los e receber denúncias de más condições de trabalho e de descumprimento da legislação trabalhista ou de Convenção Coletiva de Trabalho (CCT).
O plantāo funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h.
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