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"O golpe foi dado por grandes grupos internacionais", acredita Patrus Ananias

23 de dezembro de 2016

O  deputado federal (PT/MG) e ex-ministro Patrus Ananias esteve no Sindicato dos Professores e concedeu entrevista para a Rádio Sinpro Minas.

Ouça aqui

O deputado federal e ex-ministro Patrus Ananias, em entrevista à jornalista Débora Junqueira, fala sobre as razões do golpe cometido contra a democracia e o povo brasileiro e ressalta que a crise no Brasil é institucional atingindo os poderes executivo, legislativo e judiciário. Ele afirma que setores do poder judiciário estão extrapolando as suas competências constitucionais, assim como do Ministério Público e da Polícia Federal. Patrus acrescenta que o golpe foi dado exatamente por conta dos acertos dos governos Lula e Dilma, em vigorosas políticas sociais como o Bolsa Família; Minha Casa, Minha Vida; Luz para Todos; Prouni etc. O deputado ressalta que a agenda de retrocessos do governo golpista é ligada aos interesses do capital estrangeiro. Patrus fala ainda sobre os caminhos que ele considera importantes para o retorno a um governo democrático que garanta a retomada dos direitos sociais do povo brasileiro.

Estamos numa situação crítica na política. Que avaliação você faz da conjuntura nesse momento?

As crises são momentos também de oportunidades. Essa é uma crise das instituições que atinge o poder executivo em todos os níveis (com um presidente golpista) atinge o poder legislativo e judiciário. Setores do poder judiciário estão extrapolando as suas competências constitucionais, assim como o Ministério Público e a Polícia Federal. Momento que decorre do golpe que afastou a presidenta Dilma do poder.

Eu tenho consciência que nós cometemos erros, mas tenho consciência de que o golpe foi dado por conta dos nossos acertos. Por conta das vigorosas políticas sociais que montamos no Brasil, como o Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida, Luz para Todos, Prouni e outros programas de referência social.

Tudo isso corre risco de retrocesso e há medidas como a reforma do ensino médio e da Previdência. Qual a saída para que possa voltar um governo progressista e a população carente tenha acesso há mais programas como esses ?

Agenda do governo golpista é de retrocesso, privatização do pré-sal, PEC 55 que congela o país, educação que não estimula a reflexão, escola sem partido, agora a reforma da Previdência.

Para enfrentar essa situação é fundamental a união das esquerdas, aliança de movimentos rurais e urbanos, movimentos ecumênicos e de empresários que tenham compromisso com as gerações futuras.

Estou trabalhando um texto que vai se chamar Brasil Crises e Possibilidades. De um lado temos que ver as extraordinárias possibilidades do país. Não podemos perder de referência que esse é um país intercontinental com terras produtivas, condições climáticas favoráveis, recursos minerais, biodiversidade, água…

Justamente por isso que o capital internacional também tem interesse no nosso petróleo e no país como um todo.

Estou convencido de que o golpe foi dado por grandes grupos internacionais e também por interesses de nações poderosas, as quais não interessam um país soberano como o Brasil com as potencialidades que nós temos do país se tornar uma potência forte e socialmente justa.

Nesse sentido é que eu penso que as esquerdas devem avaliar as nossas relações com as forças centristas ou com a burguesia brasileira. Eu estou questionando muito se realmente existe uma burguesia brasileira, ou seja, uma burguesia comprometida o futuro do nosso país. Eu estou considerando com muita seriedade a ideia de que a nossa burguesia seja apátrida. Como nós não tivemos uma revolução burguesa no Brasil. Como dizia o Darci Ribeiro e outros estudiosos, há uma elite dissociada do projeto nacional. É uma elite colonizada e colonizadora.

Todas as vezes que o Brasil se prepara para alçar um voo mais alto como agora (Estávamos achando que o país entraria num outro estágio de desenvolvimento econômico e social, político e cultural) há um retrocesso ligado a interesses poderosos do capital internacional com o apoio dos seus históricos serviçais no Brasil.

Eu penso que o desafio no campo da esquerda é refletir sobre isso, talvez o caminho no curto prazo seja coesionar mais as forças de esquerda e juntos construírmos um projeto de país. Podemos buscar interlocuções outras inclusive no chamado centro e em setores da burguesia brasileira, mas com um projeto elaborado por nós sobre o Brasil que nós queremos legar para filhos e netos.

Ouça a entrevista pela Rádio Sinpro Minas

 

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