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ONU: 16% de brasileiras entre 20 e 24 anos deram à luz antes dos 18, em 2013

14 de janeiro de 2014

(EFE) Karine
tem rosto de menina, ressaltado por um sorriso inocente com um aparelho
de dentes, mas aos 16 anos recém completados, passeia com o filho de
dois meses nos braços pela Rocinha, a maior favela do Rio de Janeiro,
uma cena habitual no Brasil.

Dados do Fundo de População das Nações
Unidas (UNFPA) divulgados no relatório Estado da População Mundial do
ano 2013 mostraram que 16% de mulheres brasileiras entre 20 e 24 anos
deram à luz antes dos 18.

Karine e seu namorado Rafael, dois
anos mais velho que ela, são pais de Kauã e exemplo dos várias casais de
pais adolescentes no Brasil. Eles acabaram de sair de uma visita ao
pediatra e, orgulhosos, não hesitam em serem fotografados e
entrevistados pela Agência Efe.

“Ela já tinha decidido o nome dele
antes de nascer”, disse Rafael entre risos dos dois. Karine não foi à
escola nos nove meses de gravidez. Perdeu o ano. Mas garante que em
fevereiro retomará os estudos.

Quem cuidará do bebê enquanto Karine estiver em sala de aula será a avó materna, na casa de quem vive toda a família.

São três gerações compartilhando uma
mesma casa, como acontecia há algumas décadas em países como a Espanha e
que no Brasil ainda é habitual no norte e no nordeste e nas favelas de
metrópoles como Rio e São Paulo.

A consulta médica aconteceu em um
prédio da prefeitura que concentra vários serviços ao cidadão. Na
recepção há uma cesta que de manhã estava cheia de preservativos
gratuitos. Ao meio-dia já não havia nenhum.

Também graças à política de oferecer
gratuitamente preservativos à população, a gravidez entre jovens menores
de 20 anos diminuiu paulatinamente na última década, segundo dados do
Ministério da Saúde.

Se em 2000 cerca de 750 mil jovens
foram mães no país, em 2012 o número caiu para 536 mil, números que
continuam sendo especialmente altos nas favelas. A prefeitura do Rio de
Janeiro também promove um programa para prevenir a gravidez adolescente.

A responsável pela iniciativa, Raquel
Barros, em declarações à Efe, admitiu que a situação é um “verdadeiro
problema e a educação é o caminho para evitá-lo, porque as jovens
grávidas geralmente não têm perspectiva de estudar nem de melhorar de
vida”.

Raquel explicou que “é importante as
adolescentes saberem as consequências de ter um filho em uma idade tão
precoce”, e demonstrar às meninas que “há uma alternativa à gravidez”.

“Muitas vezes, essa adolescente já
cuidou de seus irmãos pequenos e depois quer cuidar de seu próprio
filho, porque esse é o contexto natural em que cresceu”, explicou.

Em outros casos a gravidez precoce é fruto da violência sexual, o que costuma levar aos abortos clandestinos.

“Muitas meninas que ficam grávidas aos
10 ou 12 anos foram vítimas de abusos por seus padrastos ou familiares
próximos”, denunciou Raquel Barros, que advertiu que “quanto mais jovem é
a grávida, mais perigo existe de mortalidade no parto e mais difícil
será seu desenvolvimento como pessoa”.

O desconhecimento das leis, o medo e,
em alguns casos, a falta de hospitais preparados para fazer um aborto
legal leva a muitas mães a ter o filho.

Isso se soma a uma sociedade que se acostumou a ver crianças criando crianças, mas que, timidamente, está mudando essa dinâmica.

Acesse o PDF: Crianças criam crianças nas favelas do Rio de Janeiro (EFE, 10/01/2014)

Fonte: Agência Patrícia Galvão

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