A reforma ortográfica mal começou e a grande dúvida refere-se à adaptação da sociedade às novas regras, já que, além de eliminar o confuso trema (aqueles dois pontos em cima da letra “u” usados, por exemplo, em lingüiça e freqüente), acabará com os acentos de vôo, lêem, heróico e muitos outros. A nova ortografia também altera as regras do hífen e incorpora ao alfabeto as letras K, W e Y. As mudanças foram discutidas pelos oito países que usam o idioma – Brasil, São Tomé e Príncipe, Portugal, Angola, Guiné-Bissau, Moçambique, Timor Leste e Cabo Verde.
Tecnicamente, a nova ortografia já poderia estar em vigor desde o início deste ano, pois a Comissão de Países da Língua Portuguesa definiu que, se três países ratificassem o acordo, ele já poderia ser colocado em prática. A primeira ratificação veio do Brasil, em 2004, seguido por Cabo Verde, em fevereiro de 2006, e São Tomé e Príncipe, em dezembro do mesmo ano.
Para Darla Sousa Pinto, formada em Letras pela Universidade de Brasília, uma ortografia unificada facilita o intercâmbio entre os povos lusófonos, mas por si só não os aproxima. O custo da produção e tradução de livros cai, mas não os da reimpressão, pois o acordo prevê que todos os livros didáticos e literários sejam reimpressos. Sem contar a necessidade da reformulação de gramáticas, dicionários, manuais e afins.
“O que me preocupa são os analfabetos funcionais – os que aprenderam a ler e escrever, mas não dominam o suficiente as ferramentas da língua”, afirma. Em um país como o nosso, explica Darla, “onde os índices de analfabetismo são altíssimos, eles não terão a quem recorrer e saberão das novidades, por exemplo, apenas ao serem reprovados em alguma seleção pública que, sabiamente, utilizará das mudanças para dificultar a aprovação dos candidatos”, afirmou.
A estimativa é que seja necessário um período de até dois anos para que a sociedade se acostume com as novas regras. De acordo com o Ministério da Educação, até ocorrer essa adaptação serão usados os dois tipos de livros didáticos, com as antigas e as novas regras.
Para a professora de português Lívia Guimarães, as mudanças serão tão mínimas que não vale a pena tamanho investimento. Seria mais importante investir em livros para as escolas, em capacitação dos professores, principalmente os das escolas infantis. Segundo Lívia, pode-se tomar por base a reforma ortográfica alemã. “A reforma alemã foi aprovada em 1996, com estimativa de adaptação até 2000, mas até hoje encontram-se livros e textos escritos sob a ortografia antiga”.
Outro questionamento seria quanto às obras literárias. Como ficarão com a mudança? De acordo com a lingüista Regina Mota, não serão significativas as modificações. Em 1971, depois da primeira reforma ortográfica, muitas pessoas ficaram contra e outras a favor, mas ninguém jogou os livros fora por isso.
Ao contrário de Lívia e Regina, os estudantes de Jornalismo Roberto César e Wallysson Rangel, de 23 e 21 anos, respectivamente, acreditam que a reforma vem com uma boa intenção, já que visa uma unificação da língua portuguesa.
Confira algumas da principais mudanças:
· Hífen:Não se usará mais: · Quando o segundo elemento começa com s ou r, devendo essas consoantes serem duplicadas, como em antirreligioso, antissemita, contrarregra e infrassom. Exceção: será mantido o hífen quando os prefixos terminarem com r – hiper, inter e super.· Quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa com uma vogal diferente. Exemplos: extraescolar, aeroespacial e autoestrada.
· Acento diferencialNão se usará mais para diferenciar:· pára (flexão do verbo parar) de para (preposição).· pêlo (substantivo) de pelo (combinação da preposição com o artigo).· Acento circunflexoNão se usará mais:· Nas terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos crer, dar, ler, ver e seus derivados. A grafia correta será creem, deem, leem e veem.· Em palavras terminadas em hiato “oo”, como enjôo e vôo – que se tornam enjoo e voo.
·Acento agudoNão se usará mais:· Nos ditongos abertos “ei” e “oi” de palavras paroxítonas, como assembléia, idéia, heróica e jibóia. Com informações do MEC
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