O interino Michel Temer já não esconde seus reais propósitos. Os anúncios realizados nesta segunda-feira (4) movimentaram as redes sociais e chamaram a atenção dos especialistas. Em entrevista à imprensa, o professor de economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Guilherme Mello as “medidas impopulares” que serão adotadas pela gestão interina são o sinal verde para a destruição geral do Estado.
Ao criticar a posição anunciada pelo governo ilegítimo e as ameaças que podem se instalar com tais medidas, secretário de Serviço Público da CTB, João Paulo Ribeiro, o JP, lembrou que a tônica do discurso da gestão interina revela o descaso total com o setor público. “Está claro que, para Temer, servidor público é um objeto descartável”.
E completou: “Ele [Temer] está testando nossa paciência, mas é bom que ele saiba que estamos mobilizados. Há hoje um fortalecimento da unidade que perpassa qualquer linha ideológica, pois o que está em jogo é a vida de mais de 90% da população e que o senhor Michel Temer não hesita em atacar. Pararemos o Brasil em defesa dos direitos”.
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Temer fez o anúncio de tais medidas durante evento que reuniu representantes do agronegócio em São Paulo nesta segunda (4). Ele recebeu apoio dos empresários e declarou, sem entrar no detalhe: “Esse apoio é fundamental porque, a partir de certo momento, começaremos com medidas, digamos assim, mais impopulares”.
É bom lembrar que desde que tomou posse, a partir de um golpe, Temer tornou o governo um balcão de negócios. Na última semana, por exemplo, em outro encontro com empresários, no Palácio do Planalto, a gestào interina prometeu que “pouco a pouco” vai “trazer o Brasil para realidade”.
Desmonte do Estado
“É simples. Quando ele menciona ‘medidas impopulares’, está falando em medidas que afetam 95% da população mais pobre do Brasil, as pessoas que dependem dos serviços públicos, para beneficiar os grupos que têm mais em detrimento do povo”, diz Guilherme Mello.
Mello ressalta que “quando um governante fala em medidas impopulares, está falando de deterioração e degradação dos serviços públicos, da escola pública, da universidade, da saúde pública, da previdência, do apoio aos pequenos produtores rurais, que são o povo”.
E completou: “Os empresários do agronegócio, claro, precisam muito menos do Estado do que os pequenos produtores rurais, que necessitam de seguro, de apoio técnico e de financiamento. Como medidas impopulares são aquelas contra a população, ele está falando em cortar, por exemplo, financiamento ao pequeno produtor, cortar verba da saúde pública, da previdência pública”.
A sinalização de Temer abre espaço para um desmonte total conquistado no último período e com forte impacto, por exemplo, na agricultura familiar. Em 2015, a agricultura familiar foi o principal responsável por cerca de 70% dos alimentos consumidos em todo o país.
O pequeno agricultor ocupa hoje papel decisivo na cadeia produtiva que abastece o mercado brasileiro: mandioca (87%), feijão (70%), carne suína (59%), leite (58%), carne de aves (50%) e milho (46%) são alguns grupos de alimentos com forte presença da agricultura familiar na produção.
Previdência rural
A previdência rural também está na mira de Temer. O pequeno produtor rural que tinha previdência rural pode vir a perder o benefício ou sofrer com sua redução.
De acordo com documento da Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Agricultura (Contag) aponta que “os benefícios previdenciários rurais ajudam também a distribuir renda entre os municípios brasileiros. Enquanto a maior parte da arrecadação das contribuições para a Seguridade Social provém dos municípios mais ricos, os benefícios pagos aos segurados rurais permitem que seja feita a distribuição dos recursos arrecadados em municípios onde os segurados tem pouca capacidade contributiva”.
De acordo com o Instituto de Pesquisa em Econômica Aplicada (IPEA), no mês de janeiro de 2016, foram distribuídos R$5,6 bilhões em benefícios previdenciários rurais a 4.908 municípios brasileiros com população de até 50 mil habitantes.
Mello salienta o grau de irracionalidade da gestão interina. “A justificativa é de que isso é racional. Não é racional, nessa ótica, taxar as grandes fortunas. Taxar os bilionários é uma medida popular e por isso é considerada ensandecida, porque os mais ricos ‘são o motor da sociedade brasileira’. O que não é ensandecido é tirar a saúde, a previdência, a educação, isso é razoável, racional, para o bem do país, segundo a opinião dessa entidade chamada mercado”, ironizou.
Portal CTB – Joanne Mota, com informações da Rede Brasil Atual
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