O desinteresse é o principal motivo alegado pelos jovens para abandonar a escola. Em Minas Gerais, 39,2% largam os estudos por esta razão. A falta de vagas e a necessidade de trabalhar são outros fatores que contribuem para a evasão. A Região Metropolitana de Belo Horizonte é a primeira colocada entre as regiões que sofrem com a escassez de cadeiras para o ensino médio. Os números advêm de uma pesquisa divulgada pela Fundação Getúlio Vargas.
O levantamento aponta que cerca de 18% dos jovens brasileiros com idade entre 15 e 17 anos (ensino médio) estão fora da escola. O estudo pretende demonstrar quais são os principais motivos da evasão escolar na visão dos próprios jovens e de seus pais – a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) – e de avaliar a taxa de atendimento escolar – com base nos dados da Pesquisa Mensal do Emprego (PME).
No Brasil, 40,3% dos adolescentes afirmam que a razão do abandono é a falta de interesse, 27,1% alegam a demanda por renda e trabalho como principal motivo, 10,9% não conseguiram vagas e 21,7% revelaram outras motivações.
Em entrevista à Agência Brasil, o chefe do Centro de Pesquisas Sociais da FGV, professor Marcelo Neri antecipou algumas conclusões da pesquisa. Para ele, é fundamental a participação engajada de pais e alunos para que se chegue a bom termo na evolução dos dados da educação.
“A gente pode ganhar todas as batalhas pela melhoria da qualidade da educação, adotando as melhores práticas educacionais, mas se não conseguirmos convencer os principais protagonistas – que são as crianças, os adolescentes e seus pais – vamos perder a guerra” Foram feitas aos estudantes e aos pais perguntas como: porque não estão na escola, pela necessidade de trabalhar, por não ter vaga ou escola perto de casa, por dificuldade de transporte ou por que não querem a escola que aí está?
Na avaliação do professor, as perguntas serviram para derrubar mitos como o de que os jovens de comunidades pobres deixam a escola entre 15 e 17 anos para trabalhar. “A pesquisa mostra que, ao contrário lenda, muitos desses jovens estão fora da escola não porque são de comunidades pobres e têm que trabalhar. A pesquisa mostra que é em regiões ricas, quando a economia está mais aquecida, que eles deixam a escola. O crescimento econômico tira o jovem da escola mais nas regiões ricas do país do que nas mais pobres, que não oferecem oportunidade de trabalho para os pais e seus filhos.
A pesquisa mostra ainda a existência de um gargalo no ensino médio, da mesma forma como já existiu no ensino fundamental. Na opinião de Marcelo Neri, no entanto, para vencer este desafio é preciso criar condições de atrair o jovem para a escola. “Mais do que criar uma extensão do Bolsa Família para a faixa até os 18 anos, como foi feito agora, a pesquisa mostra que é preciso despertar e conquistar o interesse do jovem em permanecer na escola.”
Enquanto as meninas avançam na escolaridade e ainda assim são mais misteriosas ao falar das razões por que abandonam os estudos, os jovens do sexo masculino são mais diretos e afirmam sem medo que não tem interesse ou que precisam trabalhar.
“É bom ressaltar que não adianta um grupo de iluminados, ou que se acha iluminado – seja de pesquisadores, de gestores –, pensar que tem as melhores soluções, se essas soluções não tiverem a consciência, concordância e ação dos pais e dos jovens. Então, a importância da pesquisa é olhar sobre esse lado da demanda da educação para entender o lado subjetivo do quadro brasileiro”, conclui Marcelo Neri.
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