Nota de repúdio à ação da polícia em Montes ClarosO Sinpro Minas repudia veementemente a ação violenta e repressora da Polícia Militar de Minas Gerais, ocorrida na manhã dessa quinta-feira (24), em Montes Claros, contra a manifestação de estudantes, pais de alunos e dirigentes sindicais pelo meio-passe e por uma educação de qualidade. Na ocasião, a diretora do Sinpro Minas, dirigente da CTB e da Contee, Celina Arêas, e representantes do movimento estudantil foram presos.
O sindicato acredita que, ao agir de forma truculenta, impedindo uma manifestação pacífica, a polícia promove um ataque à democracia. Essa é a segunda repressão da PM contra o movimento estudantil, em um curto espaço de tempo. No início deste mês, situação semelhante ocorreu dentro do campus da UFMG, em Belo Horizonte. Dessa forma, o Sinpro Minas reitera o repúdio à ação da polícia realizada em Montes Claros e espera que a liberdade de expressão possa prevalecer em Minas Gerais. Leia a matéria abaixo: Terminou em pancadaria a ação brutal da Polícia Militar contra a manifestação dos estudantes pelo meio-passe nesta quinta (24/04) em Montes Claros, no Norte de Minas. Milhares de estudantes reivindicavam meio passe no transporte urbano do município e foram recebidos com violência pela polícia, que prendeu estudantes, sindicalistas e outros líderes do movimento. A manifestação, que teve início às 8 horas, na Praça Dr. Carlos, seguiu de forma ordeira em passeata por diversas ruas e avenidas da área central. Os estudantes proferiram palavras de ordem e cantaram refrões pela liberação do meio-passe e contra a mercantilização da educação na cidade.
Os manifestantes queriam que o prefeito, Athos Avelino (PPS), e o secretário de Transportes recebessem uma comissão dos estudantes, a fim de que uma proposta sobre a reivindicação fosse oficializada. Ao chegar à prefeitura, um cordão de isolamento, feito pela guarda municipal nas escadas do prédio, já esperava a passeata, que, nesse momento, já contava com cerca de 3,5 mil estudantes. Nesse momento, as lideranças do movimento receberam a notícia de que o vice-prefeito, Sued Botelho, que havia previamente marcado a audiência com os estudantes, tinha se ausentado do município, mesmo argumento usado para justificar a ausência do prefeito.
Uma comissão de líderes do movimento, formada por membros da UNE, UEE, UBES, UCMG, mais o vereador Lipa Xavier (autor do projeto de lei do meio-passe), foi tirada para conversar com representantes da administração municipal, enquanto os estudantes ocupavam o saguão do prédio da prefeitura, de forma pacífica e cantando os refrões alusivos ao meio-passe. Nesse momento, a polícia cercou o prédio, dividiu o grupo que estava no saguão e isolou as lideranças do restante dos manifestantes. O que se viu a partir daí foi um espetáculo de violência e brutalidade contra os adolescentes e demais participantes, pelo simples fato de estarem gritando suas palavras de ordem e pedindo a liberação de dois outros estudantes que já haviam sido presos e colocados numa das viaturas estacionadas no local.
Primeiro utilizaram sprays de pimenta contra o grupo que já havia sido isolado no saguão da prefeitura. Depois utilizaram cães adestrados, bombas de gás lacrimogêneo, cassetetes e balas de borracha. A diretora do Sinpro Minas, dirigente da Contee e da CTB, Celina Arêas, foi derrubada na escadaria da prefeitura, sofrendo escoriações nas costas. “Fui agredida e empurrada escada abaixo”, disse Celina, que acabou presa junto com outras lideranças do movimento estudantil. “Esta luta é legítima e nunca deixamos de manifestar nosso apoio, como sindicalistas, a esta reivindicação que vem sendo negada sem nenhuma justificativa pelo prefeito”, afirmou a diretora.
A brutal ação policial foi orquestrada em parceria com a segurança da prefeitura, numa ação nunca vista na cidade e que lembrou os “anos de chumbo” da ditadura militar. A prova de que a operação policial foi planejada é que, em frente a cada hospital que recebia os estudantes machucados pela ação policial, posicionou-se uma viatura policial que conduzia os feridos e preenchia os boletins de ocorrência como sendo de vítimas de acidentes comuns.
A truculenta ação da Polícia Militar de Minas Gerais contra a pacífica reivindicação dos estudantes pelo meio-passe, combinada com o revoltante descaso e descompromisso do prefeito Athos Avelino e seu vice, Sued Botelho, indicam que as autoridades estaduais e municipais não querem o diálogo e zombam da democracia como instrumento legítimo e legal para se resolver as questões de interesse social. O Sinpro Minas, a CTB, a Contee, a União Popular de Mulheres, UNEGRO (União de Negros pela Igualdade), UNE, UEE, UBES, UJS e UCMG se solidarizam com a legítima reivindicação dos estudantes de Montes Claros e repudiam veementemente a ação repressiva e covarde da PMMG e a atitude inconseqüente e politicamente incorreta do prefeito e vice-prefeito da cidade. O impasse da meia-passagem estudantil não pode ser tratado com balas de borracha, bombas de gás lacrimogêneo e prisões arbitrárias.
Por Marco Eliel – Diretor do Sinpro Minas Participante da manifestação em MOC
Fotos: Rodrigo de Paula
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