Confira a entrevista com o presidente do Sinpro Minas e da CTB Minas, Gilson Reis, sobre os efeitos da crise econômica e os desafios dos trabalhadores de Minas e do Brasil neste 1º de maio. “Para a CTB, a saída da crise atual somente terá êxito se os trabalhadores forem capazes de colocar no centro do debate a construção de outro sistema econômico e social que supere a barbárie capitalista”.
CTB – Neste momento de grandes atritos entre o capital e o trabalho, qual a importância do 1º de maio?Gilson Reis – O primeiro de maio é uma data histórica para os trabalhadores e trabalhadoras. Nesse dia, em grande parte do mundo, o movimento sindical e os trabalhadores relembram o massacre de Chicago, quando operários que lutavam pela redução da jornada de trabalho foram presos e condenados à forca. Por isso, em todo primeiro de maio comemoramos a luta dos trabalhadores e denunciamos a exploração do sistema capitalista, que mantém um bilhão de trabalhadores desempregados e milhões precarizados e com péssimos salários. Nesse momento de crise do sistema capitalista, o primeiro de maio ganha muito mais importância, devido à crescente demissão de milhões de trabalhadores em todo o planeta.
CTB – Em Minas, o movimento sindical está unido? Quais as expectativas para o 1º de maio?Gilson Reis – Desde novembro do ano passado, o movimento sindical e o movimento popular vêm debatendo a crise e avançando na construção e organização unitária do processo de luta. Em Minas Gerais, a comemoração do primeiro de maio será unificada, ou seja, estarão presentes todas as centrais sindicais e todo o movimento popular mineiro. A única exceção será a Força Sindical. A manifestação ocorrerá na Praça da Rodoviária, no centro de Belo Horizonte, com apresentações culturais, ato político e caminhada pelo centro da cidade. A unidade em Minas Gerais é um exemplo para o restante do país. Consideramos que, diante da crise atual do sistema capitalista, a única saída para os trabalhadores será a unidade e a luta para não permitir que os trabalhadores paguem ainda mais pelas mazelas de um sistema falido.CTB – Até o momento, quais os efeitos da crise na economia, principalmente na vida do trabalhador mineiro?Gilson Reis – A crise sistêmica e estrutural do capitalismo provoca em todo o mundo demissões, precarização do trabalho e mais miséria. Na nossa avaliação, a crise terá uma longa duração e os efeitos em médio prazo serão ainda mais devastadores. Os problemas estruturais da crise, como superprodução, desregulamentação financeira e concentração de riqueza não foram enfrentadas e muito provavelmente não serão no próximo período. No Brasil e, principalmente, em Minas Gerais, o desemprego é, neste período, o efeito mais nefasto da crise. O problema se agrava ainda mais porque, enquanto o governo do presidente Lula busca algumas medidas, ainda que tímidas, para superar a crise, o governador de Minas, Aécio Neves, é um mero espectador. Não há nenhuma medida de impacto desenvolvida pelo Palácio da Liberdade para enfrentar a crise. O maior problema é que, de todos os Estados do país, Minas foi o que mais sentiu os efeitos da crise; no momento, milhares de trabalhadores estão sendo demitidos.
CTB – Para a CTB, qual é a saída para a crise?Gilson Reis – A crise tem três dimensões: o modo de produção e acumulação capitalista, que de um lado concentra riqueza não mãos de poucos e do outro desemprega e precariza o trabalho de milhões de trabalhadores em todo o mundo; a derrocada do neoliberalismo, que concentrou todos os meios de produção no mercado e destruiu a capacidade do Estado de intervir na regulamentação e planejamento da economia; e por fim, a latente crise das principais economias capitalistas em todo o mundo, com destaque para a dos Estados Unidos da América. Para a CTB, a saída da crise atual somente terá êxito se os trabalhadores forem capazes de colocar no centro do debate a construção de outro sistema econômico e social que supere a barbárie capitalista. Não temos dúvidas de que esse sistema é o socialismo, que deverá ser amplamente discutido pelos trabalhadores, a partir das experiências vivenciadas no último período. Um socialismo com a cultura, com a história e as tradições do nosso povo, tendo como centro os trabalhadores.
CTB – Qual a plataforma de reivindicações do movimento sindical mineiro?Gilson Reis – Entregamos recentemente ao governo mineiro, na pessoa do vice-governador Antonio Anastásia, uma pauta, com doze pontos que deveria ser analisada pelo governo e debatida com os trabalhadores. Entre os pontos formulados, destaco: a redução do repasse do pagamento da dívida pública mineira para união e a utilização desses recursos para investimentos e geração de emprego; a realização de uma reforma agrária nas terras devolutas do Estado e um programa de ajuda à agricultura familiar uma espécie de Pronaf mineiro; o aumento do salário mínimo pago aos trabalhadores em Minas Gerais, como já acontece em vários Estados, e a abertura de concursos públicos para fortalecer as políticas públicas, fundamentalmente na saúde, educação e segurança; e a suspensão, para os trabalhadores desempregados, do pagamento de luz e água, como forma de manter minimamente a dignidade dos desempregados. Nenhuma das nossas propostas foi avaliada pelo governador Aécio Neves, que só confirma, com essa atitude, o que dissemos acima: o ocupante do Palácio da Liberdade não tem compromisso com os trabalhadores e com o povo mineiro. Diante da crise atual, a única investida do governador é fazer campanha e disputa pré-eleitoral no interior do PSDB, na tentativa, já frustrada, de uma candidatura à Presidência da República. Nesse aspecto, o movimento sindical mineiro e os trabalhadores consideram uma vitória do povo brasileiro, pois não queremos para o Brasil o sofrimento que vivemos em Minas Gerais sob o governo de Aécio Neves.Clique aqui e acesse o jornal da CTB Minas – 1º de maio (Arquivo pdf)
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