Elas colocam a mão na massa e provam que ‘lugar de mulher’ é onde ela quiser, inclusive na obra.
A ocupação Dandara, em Belo Horizonte, respira luta e empoderamento – em grande medida, das mulheres. Lá, são elas que constroem e reformam suas moradias, jogando para escanteio a ideia de que ‘lugar de mulher é na cozinha’.
Tudo começou com uma iniciativa da arquiteta Carina Guedes, de 32 anos, três anos atrás. Ela criou o projeto Arquitetura na Periferia a partir da sua pesquisa de mestrado. A primeira edição aconteceu entre setembro de 2013 e junho de 2014, com três famílias. Durante dez meses, a arquiteta fez visitas semanais ao terreno, para encontrar as futuras “mestres de obras”.
Já nas primeiras reuniões, as moradoras receberam um “kit levantamento” para que pudessem, por conta própria, desenhar e medir as próprias casas. O kit contém pasta, trena, prancheta, lápis, caneta, borracha, apontador, papel branco, manteiga e vegetal, bloco de notas, etiquetas, um roteiro de trabalho e uma máquina fotográfica.
Nos encontros seguintes, a arquiteta e as moradoras avaliaram os problemas e discutiram soluções. Carina emprestou cerca de R$ 9 mil para as participantes, que entraram no projeto com R$ 3 mil que elas haviam economizado. As alunas sugeriram que aprendessem a fazer as reformas para economizar com a mão de obra.
Em dois dias, elas aprenderam técnicas de construção com a pedreira Cenir. Aprenderam quanto de cimento e areia devem colocar no reboco, como peneirar a areia e qual é a forma certa de usar o prumo. Quem tivesse sucesso na difícil tarefa de jogar o reboco na parede sem deixar a massa cair ganhava aplausos.
Adriana, uma das participantes da primeira turma, conseguiu fechar uma parede em sua casa e abrir outra. Ela não precisaria mais atravessar o quarto do filho adolescente para chegar ao seu. Também fez reboco e piso na casa toda e pintou as paredes.
“Levantar parede foi o que mais gostei. Veio uma professora, aquela mulher é demais. Eu vivo sozinha, e vi que podia fazer o que queria sem precisar de outra pessoa, de um homem para ajudar”, disse Adriana em entrevista para a BBC.
A arquiteta Carina Guedes conta que escolheu formar grupos exclusivamente por mulheres para “tornar essa experiência menos intimidadora e mais informal”. Ela observou que as mulheres tendem a ser mais comprometidas do que os homens.
“Tinha receio de que as mulheres se inibissem com homens, pois os homens tendem a achar que sabem mais. Quando participei de cursos semelhantes em outros ambientes, os homens em geral tomavam as falas”, afirma a arquiteta.
Carina emprestou o dinheiro para as mulheres em um esquema de microcrédito, para que não pesasse no seu orçamento. As participantes desembolsavam cerca de R$ 150 por mês para pagar o valor emprestado. Isso também ajudou a fortalecer os laços do grupo, já que todo o dinheiro fica na conta de uma das alunas.
A segunda etapa do projeto já começou. Hoje, Carina integra a associação Arquitetos Sem Fronteiras, que busca a transformação social através da arquitetura. Ela também conseguiu apoio da ONG internacional Brazil Foundation.
Quatro novas famílias estão colocando a mão na massa na ocupação Dandara. Elas receberam um microfinanciamento de R$ 5 mil. Um segundo grupo será formado em outra ocupação em Belo Horizonte.
“Eu desenhei minha casa, estou me admirando por isso. Quando levei o desenho na loja de cerâmica, o rapaz até me perguntou se tinha feito curso”, diz Flávia dos Santos, 36 anos, da turma atual do projeto.
O objetivo da arquiteta Carina Guedes, a médio prazo, é transformar o Arquitetura na Periferia em um negócio social, incorporando conhecimentos de outras áreas para melhorar a qualidade de vida das famílias a partir de recursos disponíveis na região.
Fonte: razoesparaacreditar.com
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