…que saudade da professorinha que me ensinou o b-a-ba…
(Meus tempos de criança – Ataulfo Alves)
Com todos os equívocos em relação ao “politicamente correto”, o cantor e compositor Ataulfo Alves na década de 40 do século passado enaltecia a sua primeira professora e colocava-a em suas memórias de criança no mesmo patamar das brincadeiras e da primeira namorada, para concluir que “era feliz e não sabia”.
Hoje, em pleno século 21, o Brasil considerado a sexta potência econômica do mundo, a informação acessível, uma grande demanda por profissionais mais qualificados, que valor tem um professor ou professora responsável pela educação de nossas crianças?
No dia internacional da mulher (08/03/2012), em Patos de Minas, a professora Aparecida não estava em sala de aula. Ela passou a data no hospital com traumatismo craniano provocado por um acidente com sua bicicleta que teve os freios retirados por um aluno de 10 anos. O jovem teve um “desentendimento” com a professora em função da bagunça que ele provocava na sala de aula. Este é apenas mais um episódio envolvendo a violência e o desrespeito contra professores. Isto informa um pouco sobre o valor que os docentes têm na sociedade atual.
O drama não fica apenas no reconhecimento social e profissional. Vamos aos fatos e números: O Estado de Minas Gerais, governado por uma pessoa com formação de professor nega-se a pagar o piso nacional da categoria, esquecido dos ensinamentos de que piso é o chão, o que se encontra no nível mais baixo. Em Belo Horizonte foi criada uma referência de professor de segunda categoria para os educadores no ensino infantil; além dos baixos salários, eles não recebem o pagamento por habilitação que poderia equipará-los aos outros que possuem curso superior.
Na rede particular a situação é muito pior. O piso salarial da professora que educa as crianças com idade até três anos é R$ 7,73 por hora/aula de 60 minutos. Isto mesmo, sete e setenta e três. Mas, a comissão de negociação dos donos de escolas, integrada por dois proprietários de escola infantil, está propondo um reajuste de 5% para vigorar a partir de 1º de abril, ou seja, um aumento de R$ 0,39 – trinta e nove centavos – sobre esse salário-aula. Este aumento poderá levar à falência suas escolas, pois talvez tenham que deixar de comprar uma caixa de fósforos, um cafezinho ou um chicletes, se desembolsarem esta “fábula”.
Aqui não se trata de índice de reajuste, pois o dobro de 7,73 (reajuste de 100%) ainda não equipara o salário da professora ao que se cobra por uma hora de estacionamento. Questionamos e denunciamos é o valor que se dá à trabalhadora, educadora, responsável por uma turma de até 10 crianças com idade entre zero e três anos. Esta é a média de idade mais delicada no processo educacional.
Para Jean Piaget (Psicologia da criança), neste período (estágios psicomotor, intuitivo e simbólico), a criança precisa ser estimulada para desenvolver as bases de todas as estruturas cognitivas seguintes; é quando a criança começa a reinventar o mundo. O papel do educador nesta fase é fundamental e decisivo.
Os pais e mães não podem ficar indiferentes a esta situação. Mesmo não sendo obrigatório, o acesso à escola é importante, até do ponto de vista econômico, pois qualquer profissional que seja contratado para cuidar da criança terá custo maior do que a professora. Mas, como confiar seu filho ou filha com idade até 3 anos a uma escola que não valoriza as professoras.
É preciso um pacto envolvendo toda a sociedade em defesa de uma educação de qualidade. Isto não é possível com profissionais aviltados. Não chegamos ainda a ponto de uma evasão completa por falta de estímulo ao profissional da educação, embora nos últimos 5 anos tenha caído para a metade o número de estudantes nos cursos de licenciatura. O que pretendemos é chamar a atenção para a dimensão do problema e convocarmos para a luta em busca de uma solução.
Antes que nos lembrem, existem escolas que pagam salários melhores e valorizam mais os professores, isto é verdade. Entretanto, não estamos tratando de partes, como nos ensina Monteiro Lobato, nos Serões de Dona Benta, a “humanidade é um corpo só”, se um professor ou uma professora em qualquer lugar é desrespeitado ou desvalorizado, a coisa vai mal e pode piorar. Nossas crianças precisam escrever e saber o significado de palavras como Respeito e Dignidade. Precisamos educar este país.
Gilson Reis – Presidente do Sindicato dos Professores de Minas Gerais
Newton de Souza – Professor e dirigente sindical
Entidade filiada ao
O Sinpro Minas mantém um plantão de diretores/funcionários para prestar esclarecimentos ao professores sobre os seus direitos, orientá-los e receber denúncias de más condições de trabalho e de descumprimento da legislação trabalhista ou de Convenção Coletiva de Trabalho (CCT).
O plantāo funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h.
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