Notícias

Quem consegue emprego no Brasil encontra salário 9,2% menor

27 de agosto de 2018

Economistas avaliam que redução de salários é resultado das novas formas de contratação da reforma trabalhista

* Por Rute Pina, do Brasil de Fato

https://soundcloud.com/radioagenciabdf/postos-de-trabalho-aumentam-mas-media-salarial-recua-9-no-pais

O Brasil abriu 47,3 mil postos de trabalho formais em julho deste ano, melhor resultado para o mês nos últimos seis anos. Mas, o salário de quem entrou no mercado formal está 9,2% menor do que a remuneração de quem foi demitido.

Em julho, o salário médio de admissão no país foi de R$ 1.536,12. O ganho médio dos demitidos era de R$ 1.692,42.

Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). O Ministério do Trabalho divulgou os resultados da pesquisa nesta quarta-feira (22).

Para Clemente Ganz, economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a recuperação dos empregos ainda é lenta para repor os postos de trabalho perdidos com a recessão econômica. Entre 2015 e 2017, o país fechou mais de 2,88 milhões de vagas com carteira assinada.

Rotativo e precário

“Esses postos estão em uma intensidade de geração muito aquém da velocidade com que eles foram eliminados. Só para a gente ter uma ideia: nesta velocidade de geração [de empregos] de 2018, seriam necessários quase dez anos para repor os postos de trabalho fechados em dois anos no Brasil”, analisa.

O economista afirma ainda que a alta taxa de rotatividade no mercado de trabalho — ou seja, muitos desligamentos e pouca permanência nos empregos  — é o que permite salários inferiores nas mesmas vagas.

“Essa dinâmica explica, em parte, o quadro de desmobilização que a economia gerou nos postos de trabalho. E está mostrando que a rotatividade, em um processo recessivo como tivemos até agora, leva a ampliar o fosso entre o salário médio de demissão e o salário de contratação. E muitas vezes isso vem acompanhado de uma outra dinâmica, que é a oferta de postos de trabalho mais precários”, diz o economista.

“Há também um processo de desqualificação intencional dos postos de trabalho visando fazer uma redução de custo e salarial”, completa.

Na avaliação da economista e pesquisadora do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho da Universidade Estadual de Campinas, Marilane Teixeira, a queda na média salarial é resultado direto da reforma trabalhista, aprovada em julho de 2017.

O trabalho intermitente e parcial, formas de contratação com menor grau de proteção criadas pelas reforma, respondem por mais de 4,2 mil vagas criadas.

“É uma combinação de fatores: as formas de contratação que se diversificam e que ajudam e empurram os salários para baixo, que é o intermitente e o parcial; mais o contexto de crise, que estimula demitir os que estão com salários maiores e contratar com os salários menores”, explica a economista.

Os setores de agropecuária e de serviços foram os principais responsáveis pela abertura de empregos com carteira no mês passado.

“É esse setor que tem liderado os contratos em tempo parcial e intermitente. E é um setor mais vulnerável, com baixa qualificação. Ou seja, é mais fácil demitir e contratar”, pontua Teixeira.

De janeiro a julho, o saldo acumulado do Caged registrou 448.263 novas vagas.

 

COMENTÁRIO

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Categorias

Artigo
Ciência
COVID-19
Cultura
Direitos
Educação
Entrevista
Eventos
Geral
Mundo
Opinião
Opinião Sinpro Minas
Política
Programa Extra-Classe
Publicações
Rádio Sinpro Minas
Saúde
Sinpro em Movimento
Trabalho

Regionais

Barbacena
Betim
Coronel Fabriciano
Divinópolis
Governador Valadares
Montes Claros
Patos de Minas
Poços de Caldas
Pouso Alegre
Sete Lagoas
Uberaba
Uberlândia
Varginha