Por Chio Alves (colunista do UOL)
Como se não bastassem tantas tretas entre governadores, prefeitos e o governo federal em plena pandemia, os brasileiros assistem agora entidades representativas de secretários estaduais de Saúde e Educação discordarem sobre a manutenção ou retomada das aulas presenciais.
O Conselho Nacional de Secretário de Saúde (Conass) pede que as escolas se mantenham fechadas.
Já o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) criticou essa sugestão.
O documento do Consed argumenta com “graves prejuízos para aprendizagem e para os aspectos socioemocionais” gerados pela suspensão das aulas. Vitor de Ângelo, presidente da entidade, diz que a Educação deve ser prioridade.
Tem razão. Mas, se o ensino tem que ser prioridade um, a preservação da vida tem que ser prioridade zero. No momento de maior gravidade da pandemia expor a risco professores, alunos e funcionários das escolas não faz nenhum sentido. Mesmo o governo paulista, que foi um dos primeiros a retomar aulas presenciais, está repensando está estratégia.
Responsável pela pasta da Saúde, Jean Gorinchteyn revelou à rádio CBN que está em estudo a suspensão das aulas presenciais na rede do estado de São Paulo. “Frente a um colapso, nós temos que reavaliar a circulação das pessoas em situações que poderiam ser evitadas, uma delas é a questão da escola”, afirmou.
Como a coluna já assinalou, de nada adianta os defensores da retomada das aulas argumentarem com experiências europeias (mesmo esses países só agora ensaiam um retorno, com muitos cuidados). No Brasil de Jair Bolsonaro, a transmissão da covid-19 está fora de controle, faltam leitos hospitalares e não há um plano nacional.
Outro ponto importante: tanto na Europa quanto nos Estados Unidos a volta às aulas é baseada principalmente em testagem, recurso largamente utilizado. Por aqui, somente pacientes com sintomas graves que procuram os hospitais passam por testes de coronavirus. Simplesmente inexiste esse controle epidemiológico no país.
Não há como subestimar os prejuízos pedagógicos e psicológicos causados aos alunos pela suspensão das aulas. A solução para esse problema, porém, não é submeter estudantes, mestres e funcionários a risco de vida tão grande.
No país que tem Bolsonaro como presidente e Eduardo Pazuello como ministro da Saúde, com novas variantes circulando livremente, os cuidados com prevenção da covid-19 devem ser triplicados. Se é preciso escolher entre Educação e Saúde, nesse momento crucial é preciso ficar com a segunda opção.
Fonte: UOL
Foto: Reprodução/ TVCA
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