Nenhuma instituição de ensino no Brasil incorporou melhor a ideia de vender a educação de forma estandardizada, empacotada, padronizada e rotulada como a Kroton Educacional, com sua principal marca, a Pitágoras.
Em seu sitio na Internet (www.kroton.com.br), no link “A companhia”, a empresa reconhece que trabalha com a educação como mercadoria ao definir sua estratégia de ação exatamente em termos comerciais: Na década de 1980, a Kroton desenvolveu um modelo replicável de gestão… ancorado no desenvolvimento, padronização e monitoramento dos processos críticos de gestão educacional, incluindo um sistema de treinamento de docentes e gestores, [que] garantiu a qualidade administrativa e pedagógica necessária para a escala dessas operações.
“Desde 1997 a Kroton ampliou ainda mais esse modelo, ao iniciar a comercialização, em grande escala, da sua tecnologia educacional e de gestão para a Educação Básica, por meio de escolas associadas e de um composto de produtos e serviços indissociáveis, alinhados ao projeto pedagógico da Companhia, a saber: (i) treinamento para professores e gestores; (ii) consultoria na implantação de processos de gestão; (iii) apoio nas ações de marketing e captação de alunos; (iv) conjunto de livros didáticos; e (v) processo de avaliação permanente do desempenho da aprendizagem dos alunos. (Itálicos, negritos e colchetes são nossos). Essa mentalidade puramente comercial faz a Pitágoras ter uma ação sempre em nível nacional, desprezando valores e especificidades locais e regionais por serem irrelevante do ponto de vista do lucro. Leia a nota de divulgação dos resultados da empresa na Bolsa de Valores apenas no primeiro trimestres de 2009, período pós demissões em massa na instituição: A Kroton encerra o segundo trimestre de 2009 com crescimento de 61,7% de EBITDA, acumulando R$ 48,6 milhões no semestre. Com a melhora de 4,0 p.p na margem bruta e a redução das despesas operacionais, a Companhia garantiu o aumento de 2,9 p.p na margem EBITDA em relação ao 2T08. A receita líquida da Companhia apresentou evolução de 29% e o lucro líquido cresceu 199,5%, totalizando R$ 31,2 milhões. O professor como operário da PitágorasEm Londrina, redução de salários; em Minas, demissão e novas contratações por salários inferiores. Nessa transformação do ensino em mera mercadoria a ser vendida com a maior margem de lucro possível, o professor é visto como o operário que faz a mercadoria chegar às estantes dos supermercados (faculdades). Assim, se há demanda pela mercadoria, os operários, ops!, professores, devem trabalhar mais. Caso contrário, é hora de reduzir o número de operários ou, o que é muito melhor para a mentalidade da Pitágoras, diminuir seus salários por tempo indeterminado. Foi o que ocorreu no final do ano passado, 2008, em várias franquias da Pitágoras, como a de Londrina e a de Divinópolis, Minas Gerais, denominada Faculdade Fadom. Em reunião com os colegas do Sinpro-Minas, recebemos os detalhes da operação cirúrgica da Pitágoras para aumentar seus lucros naquela região. No final de 2008, demitiram 24 professores, entre eles, diversos mestres e doutores, contratando outros profissionais por salários 40% menores, aumentando terrivelmente os lucros e diminuindo a qualidade de ensino, exatamente o contrário do que a empresa prega em seu website. Leia trecho da notícia divulgada pelo Sinpro-MG: Justiça analisa falta de isonomia salarial no Pitágoras “Como é de conhecimento de toda comunidade, no final de 2008, a direção do Pitágoras demitiu 24 professores, alguns com mais de dez anos de instituição. Para substituir os demitidos, a direção contratou professores por um salário aula base que representa 60% do valor recebido pelos professores demitidos. Esse fato causou uma enorme indignação não só nos diretamente envolvidos, como entre os demais profissionais da instituição e estudantes, com repercussão na mídia local”. Questionada sobre o motivo da demissão dos professores, a direção do Pitágoras – Campus Divinópolis insinuou irresponsabilidade, incompetência e falta de adaptação com o sistema de Ensino que se buscava implantar na escola. Tal acusação é completamente absurda e pode gerar ações de danos morais.A mesma notícia informa que o Sinpro-MG entrou com ação na Justiça solicitando isonomia salarial no Pitágoras. A ação está em andamento. Sinpro Londrina e comunidade impedem demissões Fomos o único sindicato que conseguiu barrar a estratégia de lucros da empresa Em Londrina, o aumento de lucros com a demissão de professores e a contratação de outros por salários inferiores foi iniciada pela Pitágoras também no final do ano de 2008, como prova da estratégia comercial nacional da empresa. Felizmente, o SINPRO Londrina, professores, ministério público e alunos reagiram, e conseguiram um acordo com a Pitágoras que diminuía temporariamente os salários e garantia a estabilidade de emprego. Agora, por determinação dos docentes que compareceram às reuniões convocadas pelo sindicato, o SINPRO iniciou ação contra a instituição visando a retomada dos salários praticados até dezembro de 2008, assim que expirar o prazo da estabilidade de emprego acordado nas assembleias realizadas à época. O SINPRO Londrina também vai acionar judicialmente a faculdade caso demita professores após o período de estabilidade, sabendo-se que essas demissões não terão outro motivo que não seja a substituição de professores por outros com menor salário. A intenção do sindicato, conforme nota enviada aos professores, é que a instituição aceite os termos propostos com a retomada de salários sem a redução anteriormente acordada, inclusive para os docentes contratados após dezembro/2008, garantindo a isonomia salarial. Conclusão É importantíssimo os professores da Kroton/Pitágoras ficarem unidos entre si, ao Sindicato, aos alunos e à comunidade, para conseguir fazer frente a esse grande conglomerado da educação, estratégias comerciais para a educação e visão dos docentes como operários. O SINPRO vai sim enfrentar essa mercantilização, estandardização e empacotamento da educação, que coloca em segundo plano a qualidade do ensino e a qualidade de vida dos professores. Fonte: Sinpro LondrinaPublicado em 08/10/2009
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