Notícias

Sinpro Londrina: Pitágoras, Grupo Kroton e a educação como mercadoria

27 de outubro de 2009

Nenhuma instituição de ensino no Brasil incorporou melhor a ideia de vender a educação de forma estandardizada, empacotada, padronizada e rotulada como a Kroton Educacional, com sua principal marca, a Pitágoras.

Em seu sitio na Internet (www.kroton.com.br), no link “A companhia”, a empresa reconhece que trabalha com a educação como mercadoria ao definir sua estratégia de ação exatamente em termos comerciais: Na década de 1980, a Kroton desenvolveu um modelo replicável de gestão… ancorado no desenvolvimento, padronização e monitoramento dos processos críticos de gestão educacional, incluindo um sistema de treinamento de docentes e gestores, [que] garantiu a qualidade administrativa e pedagógica necessária para a escala dessas operações.

“Desde 1997 a Kroton ampliou ainda mais esse modelo, ao iniciar a comercialização, em grande escala, da sua tecnologia educacional e de gestão para a Educação Básica, por meio de escolas associadas e de um composto de produtos e serviços indissociáveis, alinhados ao projeto pedagógico da Companhia, a saber: (i) treinamento para professores e gestores; (ii) consultoria na implantação de processos de gestão; (iii) apoio nas ações de marketing e captação de alunos; (iv) conjunto de livros didáticos; e (v) processo de avaliação permanente do desempenho da aprendizagem dos alunos. (Itálicos, negritos e colchetes são nossos). Essa mentalidade puramente comercial faz a Pitágoras ter uma ação sempre em nível nacional, desprezando valores e especificidades locais e regionais por serem irrelevante do ponto de vista do lucro. Leia a nota de divulgação dos resultados da empresa na Bolsa de Valores apenas no primeiro trimestres de 2009, período pós demissões em massa na instituição: A Kroton encerra o segundo trimestre de 2009 com crescimento de 61,7% de EBITDA, acumulando R$ 48,6 milhões no semestre. Com a melhora de 4,0 p.p na margem bruta e a redução das despesas operacionais, a Companhia garantiu o aumento de 2,9 p.p na margem EBITDA em relação ao 2T08. A receita líquida da Companhia apresentou evolução de 29% e o lucro líquido cresceu 199,5%, totalizando R$ 31,2 milhões. O professor como operário da PitágorasEm Londrina, redução de salários; em Minas, demissão e novas contratações por salários inferiores. Nessa transformação do ensino em mera mercadoria a ser vendida com a maior margem de lucro possível, o professor é visto como o operário que faz a mercadoria chegar às estantes dos supermercados (faculdades). Assim, se há demanda pela mercadoria, os operários, ops!, professores, devem trabalhar mais. Caso contrário, é hora de reduzir o número de operários ou, o que é muito melhor para a mentalidade da Pitágoras, diminuir seus salários por tempo indeterminado. Foi o que ocorreu no final do ano passado, 2008, em várias franquias da Pitágoras, como a de Londrina e a de Divinópolis, Minas Gerais, denominada Faculdade Fadom. Em reunião com os colegas do Sinpro-Minas, recebemos os detalhes da operação cirúrgica da Pitágoras para aumentar seus lucros naquela região. No final de 2008, demitiram 24 professores, entre eles, diversos mestres e doutores, contratando outros profissionais por salários 40% menores, aumentando terrivelmente os lucros e diminuindo a qualidade de ensino, exatamente o contrário do que a empresa prega em seu website. Leia trecho da notícia divulgada pelo Sinpro-MG: Justiça analisa falta de isonomia salarial no Pitágoras “Como é de conhecimento de toda comunidade, no final de 2008, a direção do Pitágoras demitiu 24 professores, alguns com mais de dez anos de instituição. Para substituir os demitidos, a direção contratou professores por um salário aula base que representa 60% do valor recebido pelos professores demitidos. Esse fato causou uma enorme indignação não só nos diretamente envolvidos, como entre os demais profissionais da instituição e estudantes, com repercussão na mídia local”. Questionada sobre o motivo da demissão dos professores, a direção do Pitágoras – Campus Divinópolis insinuou irresponsabilidade, incompetência e falta de adaptação com o sistema de Ensino que se buscava implantar na escola. Tal acusação é completamente absurda e pode gerar ações de danos morais.A mesma notícia informa que o Sinpro-MG entrou com ação na Justiça solicitando isonomia salarial no Pitágoras. A ação está em andamento. Sinpro Londrina e comunidade impedem demissões Fomos o único sindicato que conseguiu barrar a estratégia de lucros da empresa Em Londrina, o aumento de lucros com a demissão de professores e a contratação de outros por salários inferiores foi iniciada pela Pitágoras também no final do ano de 2008, como prova da estratégia comercial nacional da empresa. Felizmente, o SINPRO Londrina, professores, ministério público e alunos reagiram, e conseguiram um acordo com a Pitágoras que diminuía temporariamente os salários e garantia a estabilidade de emprego. Agora, por determinação dos docentes que compareceram às reuniões convocadas pelo sindicato, o SINPRO iniciou ação contra a instituição visando a retomada dos salários praticados até dezembro de 2008, assim que expirar o prazo da estabilidade de emprego acordado nas assembleias realizadas à época. O SINPRO Londrina também vai acionar judicialmente a faculdade caso demita professores após o período de estabilidade, sabendo-se que essas demissões não terão outro motivo que não seja a substituição de professores por outros com menor salário. A intenção do sindicato, conforme nota enviada aos professores, é que a instituição aceite os termos propostos com a retomada de salários sem a redução anteriormente acordada, inclusive para os docentes contratados após dezembro/2008, garantindo a isonomia salarial. Conclusão É importantíssimo os professores da Kroton/Pitágoras ficarem unidos entre si, ao Sindicato, aos alunos e à comunidade, para conseguir fazer frente a esse grande conglomerado da educação, estratégias comerciais para a educação e visão dos docentes como operários. O SINPRO vai sim enfrentar essa mercantilização, estandardização e empacotamento da educação, que coloca em segundo plano a qualidade do ensino e a qualidade de vida dos professores. Fonte: Sinpro LondrinaPublicado em 08/10/2009

COMENTÁRIO

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Categorias

Artigo
Ciência
COVID-19
Cultura
Direitos
Educação
Entrevista
Eventos
Geral
Mundo
Opinião
Opinião Sinpro Minas
Política
Programa Extra-Classe
Publicações
Rádio Sinpro Minas
Saúde
Sinpro em Movimento
Trabalho

Regionais

Barbacena
Betim
Coronel Fabriciano
Divinópolis
Governador Valadares
Montes Claros
Patos de Minas
Poços de Caldas
Pouso Alegre
Sete Lagoas
Uberaba
Uberlândia
Varginha