A 11ª edição da revista Elas por Elas, publicação anual de gênero do Sinpro Minas, foi lançada nessa sexta-feira (19/10), em cerimônia realizada na sede do sindicato, em Belo Horizonte. Durante o evento, 15 mulheres foram agraciadas com a Comenda Clara Zetkin, condecoração criada pelo Sinpro Minas, em 2012. Ela é destinada a mulheres que contribuem para dar visibilidade, mobilizar e fortalecer a luta pelos direitos, participação política e emancipação feminina. Clara Zetkin nasceu na Alemanha, em 1857, e dedicou sua vida à luta pela igualdade de oportunidades para as mulheres. Era professora, sindicalista e militante política.
Durante o evento, a presidenta do Sinpro Minas, Valéria Morato, falou sobre a conjuntura política atual e os ataques que os direitos sociais têm sofrido. “Lançar esta revista nesta conjuntura de grandes dificuldades político-econômicas e ataques generalizados ao povo brasileiro, em especial ao movimento sindical e à organização da classe trabalhadora, é um desafio enorme. Há algum tempo, os trabalhadores e trabalhadoras em educação têm sido duramente impactados por uma onda de retrocessos, que vão da reforma trabalhista e liberação da terceirização irrestrita até à desprofissionalização do magistério e à perseguição, censura e criminalização de professores e professoras. Mas vamos resistir bravamente, pois o povo brasileiro é um povo de luta”, disse Valéria ao falar sobre as eleições presidenciais e os riscos que o avanço da extrema-direita neoliberal representa para o país.
A 11ª edição da revista Elas por Elas traz na capa uma chamada para a reportagem sobre a ameaça ao parto humanizado pelo SUS, em decorrência de cortes do governo federal no orçamento destinado à Maternidade Sofia Feldman, referência no país. Outros temas referentes às diversas lutas e desafios das mulheres também são abordados nesta edição, como a ausência de resposta por parte do poder público diante do assassinato da vereadora carioca Marielle Franco, os desafios das mulheres negras na universidade, o cinema feito por mulheres e canções que evidenciam o machismo na sociedade brasileira. Dois ensaios fotográficos também fazem parte desta edição.
“A revista já recebeu diversos prêmios nacionais de jornalismo e se tornou um importante instrumento para divulgar as lutas feministas. Em toda nossa história tivemos grandes batalhas e inúmeras conquistas. Mas sabemos que ainda há muita luta pela frente, sobretudo na conjuntura atual, em que candidatos a cargos públicos manifestam discursos de ódio e depreciativos em relação ao papel e à importância das mulheres na sociedade. Querem nos tirar da vida pública e acabar com a nossa força de mobilização para que retrocedamos, mas não vão conseguir”, disse a jornalista Nanci Alves, editora da revista.
Acesse a revista Elas por elas 2018 aqui
Para a estudante do ensino fundamental, Bruna, de 15 anos, foi uma alegria participar do lançamento da revista Elas por Elas. “Considero uma mídia super importante, pois seu conteúdo retrata a mulher na sociedade de uma forma real, coisa que bem poucas mídias fazem. Muitas mulheres já fizeram história, em busca da igualdade de gênero, mas o Brasil ainda está longe do ideal. A luta é mesmo diária, dentro e fora da escola para ajudar a sociedade a reconhecer o valor de todas”, afirmou.
A diretora do Sinpro Minas e engenheira florestal, Ângela Gomes, que assina um artigo na revista, disse que a publicação significa a ocupação de um território de direito de igualdade das mulheres. “Num país que a gente vê, ainda, no coditiano o patriarcalismo levando a violência contra a mulher, com tanto racismo levando à destruição da nossa matriz africana, numa tentativa de eliminar os direitos básicos da sociedade, a revista representa uma metodologia libertária. No artigo da revista, escrevi que o ecofeminismo, instrumento que a gente tem de retomada do conhecimento feminino das mulheres ancestrais sobre a natureza e seu modelo de gestão planetária, é que torna possível a gente construir outro modelo de sociedade”. Ângela destaca que a revista Elas por Elas é um dos poucos espaços midiáticos em que a mulher tem voz, vez e visibilidade aos seus projetos.
Mulheres de luta
Esse ano, o Sinpro Minas homenageou 15 mulheres, entre professoras, alunas e mães que, em 2018, participaram ativamente da luta pela qualidade da educação e pela manutenção dos direitos trabalhistas dos/as professores/as, ameaçados pelo sindicato patronal.
A categoria realizou, com sucesso, uma paralisação de suas atividades durante dez dias, entre os meses de maio e junho. Foi importante e intensa a atuação de muitas professoras, mães e alunas ao lado do Sinpro Minas neste período. A medalha Clara Zetkin vem reconhecer esta parceria.
A professora de Literatura, Duda Salabert, disse ter sentido muito orgulho e alegria ao receber a comenda Clara Zetkin, pois a homenagem representa para ela a resistência e a busca por uma eduçação mais democrática com viés feminista e o olhar das mulheres. “Sabemos que a escola reproduz muito o machismo e a LGBTfobia. E quando uma travesti é homenageada, significa uma vitória da democracia. Estamos reconhecendo corpos e vozes que, historicamente, foram excluídos do espaço democrático. E a revista Elas por Elas também é muito importante. Ela é um documento da luta cotidiana, não só por educação, mas também pela democracia. Se lutamos por uma sociedade mais democrática, que abrace vozes e outros olhares, temos que lutar por esta revista, que traz um olhar feminista e feminino sobre a realidade política da sociedade. A publicação é muito importante para Minas Gerais, o Brasil e para as lutas sociais.”
Poliana Milagres, mãe de aluna, entrou na luta pelos direitos dos/as professoras por considerar que a educação é fundamental para a transformação da sociedade. “A democracia é uma luta constante. A comenda simboliza o ativismo da Clara, que denunciou a opressão da trabalhadora, lutou por nosso direitos. É uma honra receber esta comenda, pois o corpo docente precisa sempre ser valorizado. A educação tem um poder transformador. O poder de emancipar o ser humano, torná-lo mais crítico, vem da educação, onde o/a professor/ tem papel essencial. A gente precisa ter autonomia intelectual frente aos desafios da vida e, para isso, o trabalho do professor é importante e necessário. Educar é propiciar a liberdade do indivíduo. Assim, a luta pela garantia e a qualidade da educação não é só deles, mas de toda nossa sociedade”, disse.
Isabela, aluna do 9º ano do ensino fundamental, ao falar da alegria de receber a medalha, destaca que, participar da luta na época da greve, foi lutar pela qualidade da educação. “ Uma luta necessária sempre, pois a educação é importante para a vida. Tudo que as pessoas são hoje se deve à educação. Temos que agradecer aos professores e professoras, pois não somos nada sem eles”, afirmou.
Conheça as homenageadas:
– | Ana Clara Gonçalves Sampaio | Aluna |
– | Andreia Reis de Oliveira | Professora |
– | Bárbara Luisa Ferreira Mota | Aluna |
– | Duda Salabert | Professora |
– | Isabela Piovan | Aluna |
– | Jessica Vieira Rocha | Professora |
– | Kessia Cristina Teixeira | Aluna |
Maria Eponina de Abreu e Torres | professora | |
– | Milene Gonçalves Braga Lopes de Lima Cury | Professoa |
– | Patrícia Mc Quade | Professora |
– | Poliana Rodrigues Milagres | Mãe |
– | Raquel Fernandes Nogueira | Professora |
– | Simone Gomes da Silva de Castro | Professora |
– | Tereza Eugenia Fabiola Catalan Liberona | Professora |
Veja na galeria abaixo mais fotos da cerimônia
Entidade filiada ao
O Sinpro Minas mantém um plantão de diretores/funcionários para prestar esclarecimentos ao professores sobre os seus direitos, orientá-los e receber denúncias de más condições de trabalho e de descumprimento da legislação trabalhista ou de Convenção Coletiva de Trabalho (CCT).
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