O presidente do Sinpro Minas, Gilson Reis, participou nessa segunda-feira (9) de audiência pública na Assembléia Legislativa de Minas Gerais sobre a violência nas escolas mineiras. Proposta pela Comissão de Segurança Pública, a audiência marcou o início das discussões sobre dois projetos de lei recém-protocolados na Casa que propõem políticas para combater o problema. O deputado Délio Malheiros (PV) citou números alarmantes de uma pesquisa realizada pelo Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública em Minas Gerais. Os dados indicam que 52% dos estudantes mineiros já viram ou ouviram falar de alguém que tenha consumido drogas nas escolas e 27% já viram pessoas armadas nos estabelecimentos escolares. Em contraste, o tenente-coronel Robson Alves Campos Ferreira, chefe da 3ª Seção do Estado Maior da Polícia Militar, apresentou dados que indicam uma queda no número de ocorrências. Os casos de arrombamento a escolas, por exemplo, caíram de 3.206, em 2004, para 2.532, em 2007. O oficial admitiu, no entanto, que a gravidade das ocorrências em escolas tem aumentado. “Antes não se ouvia falar de aluno que sacou arma para professor ou entrou em luta corporal com ele”, afirmou Ferreira.Gilson Reis ressaltou que a violência no ambiente escolar não é um problema apenas das escolas públicas. Segundo ele, dados preliminaries da pesquisa sobre violência na rede privada, que está sendo desenvolvida em parceria com a PUC Minas, apontam casos graves de assédio moral e até sexual. Programas mostram resultados Algumas medidas de redução de violência foram elencadas pelo gerente de Projetos Especiais de Educação da Prefeitura de Belo Horizonte, Ismayr Sérgio Cláudio. Uma delas é o Programa Segundo Tempo, implantado em 120 das 220 escolas municipais da capital, que vem mostrando bons resultados. “As escolas que abrem as portas nos finais de semana têm uma redução de 58% nos índices de violência”. Outros projetos municipais que contribuíram, segundo Cláudio, são a criação da Guarda Municipal, a instituição de núcleos mediadores de conflitos dentro das escolas e sobretudo a Rede pela Paz nas Escolas, que procura conjugar diversas instituições comunitárias para fazer um mapeamento das situações locais de insegurança e coordenar ações de combate.A Polícia Militar apresentou um vídeo sobre o Programa Educacional de Resistência à Droga (Proerd), criado em 1998, e que já atendeu mais de um milhão de alunos. O foco principal são os estudantes de 4ª a 6ª séries do ensino médio e o projeto desenvolve atividades participativas e palestras de conscientização sobre os problemas causados pelas drogas.A Defensoria Pública apresentou o projeto Fórum para a Paz Escolar (Forpaz), de parcerias com os conselhos tutelares e outras instituições para desenvolvimento de políticas preventivas, com visitas às escolas e preparação de professores. O defensor público e coordenador do Forpaz, Wellerson Eduardo Loureiro, criticou a idéia de criar uma política de combate à violência voltada especificamente à proteção do professor, como defendido pelo deputado Dinis Pinheiro. “A prevenção da violência não pode ser unilateral, não pode visar um só ator, os educadores”.O presidente da Comissão de Segurança Pública, deputado Sargento Rodrigues (PDT), apontou o esfacelamento da família como a principal causa dos problemas nas escolas. “Os pais estão transferindo para a escola a responsabilidade pela educação dos filhos”, afirmou o parlamentar. Ele disse que as instituições precisam se adaptar a essa realidade. “Quando o controle informal da família e outras instituições já não é suficiente, talvez seja necessário criar mecanismos legais para o professor exercer sua autoridade”, declarou o deputado. Ele também lamentou a ausência da secretária de Estado de Educação, Vanessa Guimarães, que também não enviou representante.Fonte: ALMG
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