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Sucesso ao Instituto Educacional Iuni

3 de abril de 2008

Artigo * Por Nara Teixeira Os meios educacionais, a imprensa e a sociedade em geral receberam com alarde a notícia de que o Instituto Educacional Iuni, o 9º maior grupo privado de ensino superior do Brasil, adquiriu mais três instituições de ensino em Mato Grosso. Valor da compra: R$ 20,5 milhões.

A notícia foi aplaudida por muitos – inclusive por membros da imprensa, que se diz ‘isenta’ – como uma prova de que a educação privada em Mato Grosso vai muito bem, obrigado. Afinal, os investimentos são altos.

Mas entre os sindicalistas, educadores conscientes e as pessoas minimamente preocupadas com os rumos da Educação no Brasil, a avaliação é bem outra. Em primeiro lugar, porque, de um lado vemos a realização de um negócio desta monta e, de outro, os atrasos salariais constantes praticados pelas instituições de ensino – uma delas a própria Unic, mantida pelo grupo Iuni – contra os trabalhadores. Isso mostra que no ‘negócio’ do ensino privado, o respeito à legislação trabalhista não é prioridade. Esta transação milionária também desmonta a tese de recessão do setor, com a qual as instituições justificam a falta de dinheiro para pagar os trabalhadores e investir em pesquisa, por exemplo.Outro ponto que preocupa é este movimento de concentração do ensino privado sob a batuta de grandes grupos econômicos. Eles garantirão a qualidade da educação oferecida aos nossos alunos? Ou o respeito – como dissemos – ao trabalhador da educação? A prioridade destes grandes grupos seria a formação de cidadãos conscientes, politicamente ativos, bem informados, críticos?

Quando a lógica de mercado prevalece, a resposta às perguntas acima é “Não”. Um levantamento feito recentemente pelo Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino de Mato Grosso, ouvindo a categoria sobre as condições de trabalho no Ensino Superior privado, mostrou resultados chocantes: trabalhadores que não recebem há meses, com nomes inscritos nos serviços de proteção ao crédito, prática de assédio moral, falta de liberdade de pensamento e de autonomia do educador.  Recentemente assistimos a mais um recorde de reprovação dos alunos dos cursos de Direito de universidades particulares no exame da Ordem dos Advogados do Brasil. Este é o ‘padrão de qualidade’ que queremos?

As universidades particulares optaram claramente em serem ‘vendedoras de diplomas’. Triste cenário para professores e alunos. E para o País. A oferta da Educação não pode ser regida pelas leis de mercado. Mecanismos de controle são necessários e urgentes. A situação éalarmante, e motivou a criação da campanha nacional  “Educação Não é Mercadoria!”, que pressiona o Governo Federal para que regulamente o ensino privado no País. Chega deste ‘vale tudo’, onde quem pode mais compra mais.

Desejamos ao Instituto Iuni muito sucesso em sua nova empreitada em Mato Grosso. Porém, para nós, do movimento sindical, sucesso é muito mais que lucro. É Educação de qualidade, respeito ao tripé ensino-pesquisa-extensão, obediência à legislação educacional e trabalhista, gestão democrática e muito mais. Pois a Educação, definitivamente, não é Mercadoria.

* Nara Teixeira é presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino de Mato Grosso e coordenadora regional da Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB).

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