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Supostas irregularidades ameaçam universidade mineira

9 de setembro de 2009

Supostos problemas em processos eleitorais e antigas irregularidades de gestão ameaçam uma das tradicionais universidades do interior de Minas. Após quatro décadas de atuação no mercado de educação superior, a Universidade Vale do Rio Verde (Unincor), com nove campi no Estado, incluindo a sede em Três Corações, na região Sul, tenta superar uma turbulência que desencadeou em altos passivos trabalhistas e em paralisações de professores.

As possíveis irregularidades, que também incluem a Fundação Comunitária Tricordiana de Educação, mantenedora da Unincor, viraram alvo de denúncia ao Ministério Público Estadual (MPE). O órgão designou um gestor para assumir a tarefa de colocar “a casa em ordem”. Mas para que isso aconteça, o patrimônio da Unincor começa a ser vendido e não se descarta o fechamento de unidades no interior, como em Leopoldina, após estudo de viabilidade financeira.

De acordo com a promotora de Justiça curadora de fundações, Valma Leite da Cunha, uma fazenda subutilizada pela universidade em Três Corações já foi vendida, no valor de R$ 2,7 milhões, para saldar os pagamentos atrasados do funcionalismo. A promotora e o atual gestor indicado para administrar a Unincor, Matheus Bressan, não revelaram o total da dívida – que ainda persiste -, mas admitem a necessidade de ser negociada uma área em Betim, com extensão aproximada de 25 mil metros, para ajudar no pagamento de pessoal.

“Existe um endividamento grande e uma queda das receitas. Buscou-se inicialmente o financiamento e ainda insistimos nessa linha de pensamento. Porém, enquanto não sai a liberação de recursos, passamos para outro passo, a venda de imóveis desnecessários à finalidade educacional”, disse Valma. Documentos levados ao MPE dão conta de um conjunto de bens estimado em R$ 450 milhões.

Paralisações. Por causa dos salários atrasados, por mais de cem dias, alguns professores das unidades de Belo Horizonte, Betim e Ibirité cruzaram os braços até a quitação dos débitos relativos ao fim do ano passado e início de 2009. O retorno às salas de aula aconteceu, segundo o Sindicato dos Professores de Minas Gerais (Sinpro-MG), no último dia 26 agosto.

“Estamos acompanhando o caso desde outubro de 2008. Encontramos uma situação bem confusa. Apuramos uma inversão de papeis entre a universidade e a fundação, que deveria ter vida própria, pois é a unidade mantenedora. Acho que, devido a essa cultura, criou-se uma letargia, uma demora na tomada de decisões. Isso agravou ainda mais a crise”, avaliou Valma.

Depois de identificar o cenário, a promotoria, no dia 3 de julho passado, propôs a assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta com o conselho deliberativo da fundação, composto por 17 membros. Houve o afastamento dos conselheiros e a suspensão das atividades por seis meses. Agora, a administração é comandada por quatro pessoas.

Greve Início do movimentoNo dia 4 de maio, a greve dos professores dos campi da capital, Betim e Ibirité foi deflagrada.

Reivindicações De acordo com o Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais, o pagamento do 13° salário de 2008, o valor de 1/3 das férias e a remuneração relativa a janeiro de 2009 estavam atrasadas quando começou o primeiro semestre letivo deste ano.

NegociaçõesA greve foi encerrada no último dia 26 de agosto. O sindicato não soube informar quantos professores aderiram ao movimento.

Situação em BH já foi pior, diz alunoA reportagem esteve na unidade da Unincor em Belo Horizonte, na região Centro-Sul da cidade, onde funcionam os cursos de saúde, e conversou com alguns alunos sobre a situação da instituição. Sem querer se identificar, um deles, estudante do 6° período de medicina, disse que a situação de instabilidade já foi pior tendo, segundo ele, déficit de material como datashow.”Não fiquei inseguro. Pior do que está, acho difícil. Passamos por uma greve e ouvimos rumores sobre a venda da unidade em Belo Horizonte. O Ministério Público está atuante e isso dá segurança”, afirmou. (FP)

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Corpo docente Demissão chega a 30% Ex-diretor de recursos humanos da Embrapa na capital federal, formado em agronomia e pós-graduado em sociologia pela Universidade de Brasília (UnB), Matheus Bressan assumiu o desafio de sanear as dívidas da Unincor há cerca de 45 dias. Para isso, também houve o enxugamento da máquina. Ele não revelou números absolutos, mas admitiu ter ocorrido a rescisão de 30% dos contratos com o corpo docente.

“Não gosto de fazer julgamentos, mas houve má gestão. Os contratos não eram bem formulados e o quadro de pessoal era inchado, criando altas despesas. O que vi quando cheguei era uma administração arcaica, fora da realidade do século XXI”, analisou.

Uma consultoria externa à universidade foi contratada para colher informações que permitam um diagnóstico da instituição de ensino. O estudo não visa um mapeamento completo por falta de recursos. Porém, as situações mais delicadas estão sendo verificadas, como o futuro das unidades de Leopoldina e Itaguara, na região Central.

Apenas 29 alunos do curso de música estudam no campus de Leopoldina e, a formatura, ocorrerá este ano. “Vamos repensar a existência da unidade, olhando bem o mercado da região. Mas se o estudo apontar para a inviabilidade, vamos ter que fechar”, disse. (FP)

EleiçõesApuração. Segundo o MPE, não foram constatadas falhas nos processos eleitorais para a reitoria da Unincor. As denúncias sobre eleições da fundação mantenedora são investigadas pelo Poder Judiciário.——————————————————————————– Minientrevista

“O trabalho feito é para salvar a Unincor”Valma da Cunha, promotora de Justiça Curadora de Fundações

A promotora assumiu as apurações do caso em outubro de 2008. O cenário, como ela definiu, era confuso e turbulento.

O Ministério Público Estadual recebeu várias denúncias contra a universidade e sua fundação mantenedora. O que está sendo apurado no momento? A origem dessa turbulência financeira. Queremos saber se foi má administração ou desvio de verba, má-fé dos dirigentes. Como uma universidade que tem tantos anos de mercado chegou a essa situação complicada.

Houve a criação de um comitê gestor para sanear as dívidas da fundação e foi chamada uma pessoa fora da universidade para conduzir o processo. Por quê? Havia uma letargia, uma demora na tomada de decisões. Por isso, precisávamos de um gestor, com as devidas condições, que pudesse implementar as medidas administrativas consideradas de urgência para tentar salvar e resgatar a universidade e a fundação.

Entre essas medidas está a venda da universidade para outro grupo? Não desconsideramos a possibilidade de uma parceria. Mas vamos esgotar outras alternativas, como a tentativa de financiamento e a venda de imóveis que não atendem à finalidade da universidade. (FP)

Fonte: Jornal O Tempo – Flaviane Paixão Publicado em: 07/09/2009

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