Notícias

“Temos que enfrentar esse grande complô das forças conservadoras”

16 de setembro de 2015

Entrevista Renato Rabelo – Ex-presidente nacional do PcdoB

Em visita a Belo Horizonte, para o lançamento nacional Frente Brasil Popular, no início de setembro, o ex-presidente nacional do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) Renato Rabelo esteve no Sinpro Minas e falou sobre a situação política do pais. “Nesse momento, em que a crise está mais aguda e aprofundada, a gente precisa ter cuidado para ver o que é mais ameaçador, porque numa situação de ameaça, o risco maior é a presidenta ser derrubada. Temos que enfrentar issso como uma ação imediata”, alerta.

Segundo ele, estamos diante do ápice de um ataque contra o estado democrático de direito e do mandato constitucional da presidenta da República e que isso exige resposta decidida das forças democráticas e patrióticas, das instituições, entidades e personalidades comprometidas com a preservação e sustentação da democracia, numa ampla frente de resistência.

Em artigo recente (“Ultimato à presidenta e golpismo oficializado”), publicado no portal Vermelho, ele afirma que parte da oposição e setores dominantes querem impor uma rendição à presidenta Dilma. Ele cita o editorial da Folha de São Paulo, que dá um “ultimato” à presidenta, com várias ordens como “medidas extremas de cortes”, com radicalidade sem precedentes, mesmo dos gastos compulsórios em saúde e educação. “Assim, o ultimato, a ameaça, a estupidez e arrogância visando acuar e render a presidenta da República, da parte dos setores dominantes conservadores e reacionários, a fim de imporem seus sagrados interesses, a escalada do aventureirismo golpista são expressão de que os donos do poder e seus quebra-facas querem levar o país ao impasse político, ao clima de caos, não importando os destinos da nação. Tudo em proveito de sua volta ao centro do poder”, diz num trecho do artigo.

Como fazer frente ao conservadorismo no Congresso Nacional ?

Renato Rabelo – O Congresso reflete uma realidade política do Brasil hoje. Uma expressão da força do poder econômico. Por isso, somos contra o financiamento privado de campanha. Quem é eleito depende do poder econômico, os empresários não investem sem esperar retorno. Esse é um congresso que não reflete a realidade social, porque a maioria da população é formada por trabalhadores. A única forma de enfrentar o conservadorismo é mobilizar e organizar o movimento social e popular, mas uma organização no sentido político, não só corporativista.

Qual a importância da Frente Brasil Popular no atual contexto político do país?

Desde o último congresso do PcdoB, há dois anos, nós dizíamos que o Brasil caminhava para um movimento de esquerda. E isso está acontecendo. Essa tentativa de formar a Frente Brasil Popular é exatamente congregar os movimentos populares e sociais de esquerda. Isso funciona como um núcleo das forças mais consequentes e não há contradições. Essa iniciativa de unir os movimentos sociais e partidos de esquerda é uma iniciativa importante nesse momento.

Como essa frente pode pressionar o governo Dilma a seguir mais à esquerda e qual o tamanho da crise política no Brasil?

Temos que impulsionar os governos que têm compromissos com o movimento social, isso ocorre desde quando o Lula era presidente. Com a Dilma, a mesma coisa, é preciso apoiar e impulsionar o governo. Nesse momento, em que a crise está mais aguda e aprofundada, a gente precisa ter cuidado para ver o que é mais ameaçador, porque numa situação de ameaça, o risco maior é a presidenta ser derrubada. Temos que enfrentar issso como uma ação imediata. Isso não quer dizer que nós vamos deixar as nossas bandeiras de lado, a gente tem que enfrentar esse grande complô que as forças conservadoras fazem. Temos defendido como bandeira emergencial a defesa da democracia, da ordem institucional e do mandato constitucional da presidenta. Porque não adianta querer defender só os nossos direitos e abandonar o resto, porque o inimigo está em cima dela e a gente não pode fazer o jogo do inimigo, temos que barrar isso. Ou seja, é preciso sustentar a presidenta, se não ela cai e isso é uma grande ameaça para a democracia. Desde que ela foi reeleita, estamos vivendo um estado permanente de golpe. A oposição foi para a ofensiva, as possibilidades que eles estão tentando é dar uma fachada para o golpe com uma saída institucional para depor a presidenta.

Como o sr. vê as manifestações de rua contra e a favor do governo?

A manifestações que vêm ocorrendo aos domingos, com a participação da classe média e alta, mostram bandeiras de ódio, antidemocracia e intolerância. Não dá para ir para a rua contra a democracia. As manifestações chamadas pelas centrais sindicais e movimentos sociais, a última delas realizada no dia 20/08, são contra o golpe e em defesa dos direitos dos trabalhadores. Há as bandeiras emergenciais e as que são fundamentais. Mas se a gente não consegue nem segurar o governo, como vamos avançar nas nossas bandeiras de reformas estruturais? Se cai a presidenta, vem a direita e será muito pior para lutarmos por nossas bandeiras. Será um grande retrocesso. A esquerda não pode se dividir. A esquerda, às vezes, até se divide em função de suas bandeiras ou por não compreender a ameaça e a emegência da situação colocada diante de nós e não enfrenta a ameaça que é urgente. Portanto, essa frente que surge de forma ampliada é um núcleo mais consequente para dar força aos movimentos populares de esquerda pra gente avançar.

COMENTÁRIO

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Categorias

Artigo
Ciência
COVID-19
Cultura
Direitos
Educação
Entrevista
Eventos
Geral
Mundo
Opinião
Política
Programa Extra-Classe
Publicações
Rádio Sinpro Minas
Saúde
Sinpro em Movimento
Trabalho

Regionais

Barbacena
Betim
Cataguases
Coronel Fabriciano
Divinópolis
Governador Valadares
Montes Claros
Paracatu
Patos de Minas
Poços de Caldas
Pouso Alegre
Sete Lagoas
Uberaba
Uberlândia
Varginha