O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu a taxa básica de juros em 1 ponto percentual. Com isso, a Selic cai de 11, 25% para 10,25%. Foi a terceira redução consecutiva da taxa, mas trabalhadores e empresários produtivos repudiaram a redução do ritmo, defendendo pelo menos um novo corte do mesmo tamanho do efetuado em março, de 1,5 ponto.
Em nota distribuída agora há pouco, o colegiado justificou secamente a medida: “Avaliando o cenário macroeconômico e visando ampliar o processo de distensão monetária, o Copom decidiu reduzir a taxa Selic para 10,25% ao ano, sem viés, por unanimidade”. Na próxima semana o Banco Central divulga a ata da reunião de hoje esplicando os motivos que levaram à decisão.
A taxa de 10,25% ao ano é o menor nível já estabelecido pelo Copom desde dezembro de 1997 – a taxa de juros básica, a Selic, foi criada em julho de 1986. As três reduções de 2009 foram atribuidas ao impacto da crise econômica global. Antes, o BC elevara a taxa, entre março e setembro de 2008, mantendo-a depois congelada em 13,75%, até dezembro, no que foi considerado um erro de viés ortodoxo.
A decisão desta quarta-feira também foi contestada por representantes das chamadas forças produtivas, trabalhadores e empresários não ligados à banca e à área financeira. A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) lamentou a lentidão do Copom: “A decisão de reduzir o ritmo de queda da Selic é inconsistente com as condições da economia brasileira. É fundamental que sejam reduzidos os efeitos dacrise sobre a sociedade, principalmente através da redução do custo do crédito”, diz a nota da Firjan.Por sua vez, a CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) classificou a manutenção dos juros altos de “aberração”. A nota da central finaliza propondo bandeiras de luta: “Menos juros, mais desenvolvimento! Democratização do Conselho Monetário Nacional! Estabilidade no emprego! Crescimento com valorização do trabalho! Fora Meirelles!”. Veja a íntegra:
“O Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) frustrou, mais uma vez, as expectativas das centrais sindicais e contrariou os interesses nacionais com a decisão de reduzir em apenas um ponto percentual a taxa básica de juros (Selic), que ficou em 10,25% a.a e é ainda uma das maiores (senão a maior) do mundo em termos reais (deduzida a inflação). Com esta conduta, o comitê em nada contribui no combate à crise econômica exportada pelos EUA e, muito pelo contrário, potencializa os seus efeitos, ao preservar uma política monetária conservadora que inibe os investimentos e o consumo.
A CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) repudia a decisão do Copom, que desperta indignação em amplos setores da nossa sociedade, incluindo parte substantiva do empresariado ligado à chamada economia real. A manutenção de juros reais altos e spreads de agiotas nos bancos já é uma aberração em períodos de expansão da produção. Revela-se ainda mais inaceitável em momentos de crise como a atual. A CTB conclama as centrais sindicais e os movimentos sociais a intensificar a luta por juros e spreads civilizados, visando o aquecimento da economia, a expansão da oferta de emprego e levantando, entre outras, as seguintes bandeiras:
Menos juros, mais desenvolvimento! Democratização do Conselho Monetário Nacional! Estabilidade no emprego! Crescimento com valorização do trabalho! Fora Meirelles! “
Já a Força Sindical, em nota assinada por seu presidente, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, considerou “um absurdo esta mesmice conformista dos tecnocratas do Banco Central”. Veja a íntegra:
“A queda na Taxa Selic de 1 ponto percentual, anunciada hoje, é muito tímida. Um pouco mais de ousadia traria enormes benefícios para o setor produtivo, que gera emprego e renda e anseia há tempos pelo crescimento expressivo da economia. É um absurdo esta mesmice conformista dos tecnocratas do Banco Central que insistem em reduzir os juros a conta gotas e se curvar aos especuladores. O governo não pode continuar com esta política de incentivo a usura no país.
Vale ressaltar que o país gasta uma verdadeira fortuna com pagamento de juros, quando precisamos urgentemente destes recursos para a saúde, educação, saneamento básico e moradia. Falta sensibilidade social ao governo, que insiste em manter a taxa Selic em patamares proibitivos para o setor produtivo.
Os membros do Banco Central insistem em contrariar os interesses nacionais. Entendemos que o cenário econômico está favorável a uma queda drástica na taxa básica de juros.”Fonte: Vermelho
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