Na ação coletiva, consumidores de Missouri pedem indenização pelo discurso mentiroso da Monsanto incorporado pela multinacional alemã: que o glifosato é inofensivo para humanos e animais de estimação
Ao efetivar a compra da Monsanto em 2018, a alemã Bayer incorporou mais do que os ativos e portfólio da empresa de origem estadunidense. Herdou os processos judiciais, que em sua maioria reivindicam indenização pelos malefícios à saúde causados pelo glifosato. O agrotóxico criado pela Monsanto passou a ser o mais vendido em todo o mundo depois que a patente expirou e outros laboratórios passaram a produzi-lo.
Nesta quarta-feira, foi protocolada na Justiça do Michigan, nos Estados Unidos, uma ação coletiva sustentando que o herbicida ataca a flora intestinal e destrói bactérias benéficas que ajudam o organismo a prevenir doenças. O déficit desses micro-organismos no intestino enfraquece as defesas contra infecções e muitas doenças.
E que a Bayer continua contando a mesma mentira contada pela Monsanto: a de que o glifosato tem como alvo enzimas que não estão presentes no organismo humano e nem nos animais de estimação. Por isso não faz mal.
Em maio de 2017, a RBA publicou reportagem que explica o mecanismo pelo qual esse agrotóxico pode desencadear autismo, mal de Parkinson, Alzheimer, anencefalia e o câncer. Ele altera a produção e a ação de aminoácidos, vitaminas e minerais que protegem o organismo desses e muitos outros males. Confira:
Autismo, Parkinson, Alzheimer, anencefalia, câncer. O que o glifosato tem a ver com isso?
Tramitam na Justiça dos Estados Unidos mais de 8 mil ações contra a Monsanto, ajuizadas por consumidores, trabalhadores e agricultores, que alegam ser vítimas do câncer causado pelo glifosato.
Em agosto, o júri de um tribunal estadual da Califórnia concedeu indenização de US$ 289 milhões a Dewayne Lee Johnson, ex-zelador de escola, que alegou que o Roundup contribuiu significativamente para o seu linfoma Não-Hodgkin, em estado terminal. O preço das ações da empresa despencou.
À Bloomberg, o advogado Robert F. Kennedy Jr, que propôs a ação, disse que “a Monsanto enganou os consumidores sobre os riscos do glifosato por décadas”. E que apesar dos esforços da empresa para ocultar e distorcer dados de pesquisas sobre os malefícios do glifosato, “a ciência está em ação.”
Porta-voz da Bayer declarou que a ação não tem mérito e que a companhia “aguarda com expectativa a defesa do mérito”.
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