A UNE (União Nacional dos Estudantes) lançou nesta última segunda-feira, 29/08, o clipe “As Cotas”, manifesto audiovisual que mostra a trajetória da população negra e indígena no brasil, desde a colonização até os dias atuais, passando pela histórica conquista da Lei de Cotas, que cumpre dez anos de implementação.
Neste aniversário de uma década das Cotas é prevista uma revisão da legislação e a UNE saiu na frente para defender a política e evitar retrocessos.
“Temos certeza de como essa política é essencial para termos a universidade diversa que temos hoje, e que precisamos continuar avançando e aprofundando ainda mais a democratização do ensino superior”, afirma a presidenta da UNE, Bruna Brelaz.
No filme, a música composta e doada para as entidades estudantis pelo artista Chico César com letra de Carlos Rennó, é performada por diversos artistas como Martnália, Vitão, Os Gilsons, Moreno Veloso, MC Sofia, Flor Gil, Leci Brandão.
O clipe compõe a campanha “Eu defendo as cotas, pela entrada e permanência na universidade”, lançada em março deste ano pela UNE. Confira abaixo o manifesto, disponível no site defendoascotas.org.br
Eu defendo as cotas
Pela entrada e permanência na universidade
Apesar de cada desastre, frente a cada injustiça que desafia os olhos, a gente segue com a nossa cota de esperança. Ela está guardada ali, nos bolsos do nosso futuro, pronta pra desfraldar o país bonito e igualitário que a gente merece ser. Apesar de cada dificuldade, de cada notícia ruim que os anos trouxeram, ninguém diminui a nossa cota de ousadia pra transformar o Brasil.
Aqui ainda está a nossa cota de alegria pra sonhar com uma terra de todas e todos, a nossa cota de orgulho preto, orgulho indígena, camponês ou periférico, orgulho do tamanho de um país continental, vário, gigante, que não pode se diminuir. O Brasil justo é o nosso mínimo. O nosso início. A nossa cota.
No Brasil que a gente aprova, todo filho de trabalhador vai poder virar doutor. Toda filha de faxineira vai poder sentar na cadeira de presidenta ou engenheira, médica ou juíza de qualquer cor. Porque a gente não aceita menos do que democracia, diversidade, cidadania e igualdade, pessoas diferentes, mas com as mesmas oportunidades. É o povo pintado nas universidades, o colorido de uma nação em todos os lugares.
As cotas são só o começo, o berço de uma nova realidade. Reparação histórica de uma história que vem e vai longe, pra curar um país da escravidão, da opressão e da maldade. Políticas afirmativas pra que a gente possa afirmar, com os rostos da maioria, a nossa identidade.
Em 1808 foram criadas as primeiras universidades do Brasil, mas só agora, em 2022, o ano em que se comemora o Bicentenário da Independência, da emancipação que não alterou a perversa estrutura socioeconômica escravista, o país alcançou pela primeira vez a marca de uma maioria de pessoas negras no ensino superior público. Apesar da população branca ser minoria entre os mais de 220 milhões de brasileiras e brasileiros, ela sempre ocupou com privilégio quase todo o espaço universitário, enquanto as classes menos favorecidas estiveram historicamente impedidas de sonhar com um diploma.
A mudança veio ao mesmo tempo em que o Brasil aprovou a Lei Federal 12.711, a Lei de Cotas, no ano de 2012. Com ela, 50% das vagas nas universidades e institutos federais de Ensino Superior passaram a ser reservadas para alunos de escolas públicas, negros e negras, indígenas, e pessoas com deficiência.
Neste ano de 2022, a Lei de Cotas passará por uma revisão no Congresso Nacional. A vigência desta lei não está em questão, mas o seu aprimoramento. Devemos aperfeiçoar a legislação com vistas à melhoria na qualidade da permanência estudantil, no monitoramento, avaliação de metas da política pública. Por isso, a União Nacional dos Estudantes (UNE), em parceria com organizações, artistas, influenciadores e grupos da juventude, lançam o movimento “Eu defendo as cotas: esse é o Brasil que a gente aprova”, uma campanha nacional pelas cotas nas universidades.
O movimento estudantil quer a manutenção e ampliação das políticas afirmativas no país, por meio das cotas, para buscar corrigir a exclusão social, combater o racismo estrutural, garantir a presença e a representatividade das juventudes em todos os espaços.
A gente quer mais. Cotas para mudar vidas. Cotas para construir futuros. A gente quer ocupar, as escolas de medicina e de belas artes, são negros, pobres e indígenas por todas as partes: escrevendo livros, nas equações e cálculos precisos, desenhando sorrisos, escrevendo avisos de que vamos ficar. Entramos. Ninguém sai.
Apesar da excrescência de um governo anticientífico, da bruta estupidez dos negacionismos, dos desmontes em todo o sistema de ensino, nós vamos ficar. Apesar dos preconceitos e da desinformação, da falta de assistência para a nossa formação, apesar da chaga histórica de toda a colonização, nós vamos ficar. E vamos nos multiplicar. Seremos milhões.
Por isso tudo, dizemos: eu defendo as cotas. O Brasil que a gente aprova começa aqui, das salas de aula. Um país que resiste em seu sonho emancipatório. Cotas para afirmar, desenvolver toda uma nação, pra reinventar o Brasil. Nada menos do que isso. É nossa reivindicação.
União Nacional dos Estudantes – UNE
Fonte: UNE
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